A par do pouco edificante
espectáculo que o Partido Socialista exibe nas disputas internas que são prova evidente
de completa falta de compreensão das verdadeiras questões que afectam Portugal
e todo o mundo, bem como do modo de as ultrapassar, as duas centrais sindicais,
a UGT e a CGTP, resolveram desentender-se e trocar acusações contundentes, como
naquelas zangas de comadres que nada esclarecem e acabam por deixar a nu todos
os podres que a hipocrisia, ao longo do tempo, foi disfarçando.
Não adiantará tentar esconder,
chamando-os sinais de vitalidade democrática, os desentendimentos reais que o
desnorte ideológico provoca e as ambições pessoais alimentam, porque nada mais
são do que o resultado do desespero que a incapacidade de solucionar provoca,
nesta crise já tomada pelo desespero que a reflexão e a cooperação, por
inexistentes, não conseguiram evitar.
São discussões requentadas
sobre questões inutilmente debatidas por intervenientes preconceituosos que
ignoram a evidência dos erros que, em nome de demagógicos conceitos próprios de
utopias irrealizáveis, são cometidos e nos arrastam para situações que cada vez
mais se aproximam de um ponto de muito difícil retorno.
Se o Governo nada mais tem
feito do que o necessário para sobreviver num mundo equivocado nos seus
conceitos de desenvolvimento e, pior do que isso, incapaz de compreender os
perigos que a realidade, já óbvia, insiste em lhe mostrar, o Partido Socialista
persiste em enredar-se nas confusões de um conceito incompatível com uma
realidade em que a escassez não consente o esbanjamento que, fingindo ajudar outros,
engorda apenas alguns. Deste modo não se de dá conta de que o socialismo
autêntico apenas será que for capaz de gerir, de um modo sustentado, o que possa
ser utilizado sem degradar ainda mais o mundo que legaremos aos vindouros e não
aquele que promete o que alguém, de forma duradoura, jamais conseguiu alcançar.
Porque o socialismo autêntico não tem nos seus objectivos proporcionar riquezas
a alguns mas sim a justiça e a equidade para todos, num mundo de sofrimento.
São estas, pois, guerras inúteis
que, como todas as demais, a ambição declarou. São balanços mal feitos numa
contabilidade tosca que não abrange a realidade inteira. São ambições pessoais
disfarçadas em ideologias caducas, louvadas em cantigas que fingem haver merecimento
na desgraça de quem, por julgar apenas ter direitos, deixa para os outros o
dever de deles cuidar. São o circo que presenciamos descuidados, sem ainda nos
termos dado conta do elevado preço que o já estafadíssimo espectáculo dos
palhaços nos vai custar.
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