ACORDO ORTOGRÁFICO

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terça-feira, 2 de dezembro de 2014

A AVIDEZ REQUENTADA


Evidentemente, quando a biografia de Rui Rio estiver disponível eu a irei comprar e ler avidamente, porque estou ansioso por saber quais são as ideias que nela lança para voltar a fazer de Portugal o país com personalidade como já foi em vez deste país de ultra dependentes que agora é.
Um país amolecido pelas utopias que Abril definiu mas que não foi capaz de realizar. Primeiro, porque o Estado Novo havia deixado bastante para fazer a festa e, depois, porque julgou não ser necessário esforçar-se por realizá-las porque a Europa as realizaria por si.
Não estamos bem, como todos reconhecemos. Apesar disso, vejo mais gente à espera do que possa “cair” do Céu do que a tomar iniciativas para fazer qualquer coisa que afaste este mal que sentimos.
Continuo a ver mais de meio país desaproveitado, com interesses poderosos a dominar a política, talvez aqueles que conseguiram o milagre de fazer Passos Coelho tomar, um dia, a iniciativa de correr com um ministro, curiosamente aquele que mais incomodava os tubarões, conservando aqueles que, como as circunstâncias o mostram, não passam de incapazes.
E, como sempre, continua o governo refém de interesses bem diferentes daqueles que são os do povo que o elegeu! Tal como receio que continuará.
Depois da festa de entronização de António Costa cujo modo de realizar as promessas que faz continua a ser um segredo bem guardado, eu espero que a afirmação de Rio de que “os eleitores estão ávidos de algo novo” seja uma real novidade, diferente da mudança de actores que sempre foi porque uma peça má não se faz boa apenas porque os actores mudaram.
Espero que as reformas profundas, das quais desde o 25 de Abril oiço falar, sejam finalmente definidas, não em função de utopias irrealizáveis e das miragens que têm inspirado os políticos que tornaram, de novo, este país prisioneiro, mas da realidade dura que cada dia mais se revela!
Espero que Rui Rio consiga, no que tenha revelado ao seu biógrafo, ir muito além do que a notícia do lançamento do livro nos faz saber e não passa da vulgaridade de muitas coisas por aí já tão ouvidas.
Rio fará, assim o espero também, o enquadramento da situação de Portugal neste mundo confuso em que vivemos e do qual nos não podemos alhear.
Há problemas a resolver que não são só nossos. Há deliberações a tomar que necessitam da cooperação de todos. E há, sobretudo, a necessidade do entendimento de uma realidade nova que não consente as ilusões em que sonhámos poder viver.
Mais espero que Rio diga, com toda a clareza, sem os subterfúgios em que os políticos são mestres, o que há para fazer para além das reformas políticas que não passam das brincadeiras em que os políticos se envolvem para disputar o poder. Espero que diga, para além do que haverá para fazer, como se faz de modo a por um fim ao que tantas vezes se diz que "quem sabe faz, mas quem não sabe, ensina".
Finalmente espero, de Rui Rio, uma visão de futuro que não esqueça a realidade das diferenças profundas entre este planeta semidestruído por uma economia superconsumista que o foi conspurcando e exaurindo os seus recursos naturais que julgou infinitos, bastantes para alimentar todos os seus caprichos e, em consequência, defina um caminho diferente do “regresso ao passado” pelo qual os preguiçosos tanto anseiam.
Eu sei, também, que “os eleitores estão ávidos por algo de novo” tal como sempre estiveram em todas as eleições cujos resultados sempre acabam por desiludi-los e os fazer sentir, de novo, ávidos de uma outra mudança que, como as anteriores, sempre acaba a desaguar no mesmo charco que já se tornou fétido!
Estou muito curioso. Ansioso até por ler alguma coisa que me diga algo diferente. Se for a biografia de Rui Rio…

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