Quem,
se a casa estiver em risco de ruir, se vai preocupar com uma mancha na parede
da sala, com o empeno de uma porta ou com uma torneira que pinga? Logicamente,
ninguém!
Mas
não parece ser esta a lógica que o mundo tem seguido nas suas preocupações com
os problemas que se lhe colocam, fazendo, quase sempre, distinções entre
problemas que, bem vistas as coisas, não passam de ser o mesmo. Decerto por
isso chegámos ao ponto de não parecermos capazes de resolver algum.
O controlo das causas das
alterações climáticas que, em sucessivas cimeiras e conferências, são tratadas
como um estorvo da civilização economicista que adoptámos, sempre acaba
subalternizado aos problemas económicos, ao crescimento económico que se desmoronará
se for travado no seu ímpeto para não parar de crescer.
São consequência desse
crescimento excessivo os gases de cuja concentração crescente na atmosfera
resulta o efeito de estufa que faz aumentar a temperatura média na Terra que,
conjuntamente com outros efeitos da actividade humana, dão origem às alterações
climáticas que poderão arruinar o nosso modo de viver.
Os
compromissos para reduzir a emissão de gases de estufa vêm de há já bastante tempo, desde 1997, materializados num
“protocolo de Quioto” do qual os resultados práticos foram quase nulos porque
uns o não ractificaram, outros contradisseram as conclusões científicas que o
impuseram e, outros ainda, posteriormente o negaram.
Mas
a Natureza é mais forte e não alterou o seu caminho ao longo do qual as
alterações climáticas se intensificaram, ao ponto de assustarem os políticos
que aceitaram a “conferência de Lima” da qual resultou uma declaração final conhecida por “a chamada à acção de Lima”, na qual se estabelece que todos
os países terão que apresentar planos nacionais à ONU até 31 de Março de 2015. Deverão conter compromissos "quantificáveis", "ambiciosos" e
"justos" de redução da produção de gases de estufa, além de
informações detalhadas das acções destinadas a alcançar a diminuição.
Da
harmonização dos planos nacionais resultará o “acordo global” que deverá entrar
em vigor em 2020.
Gostaria
que tivesse esta conferência consequências bem diversas de todas as demais,
marcasse um arrepio neste caminho de destruição que vimos percorrendo. Mas
parecem-me ainda muitos os obstáculos nesta via pela qual a Convenção para a
Mudança Climática da ONU quer encaminhar o mundo.
Não
me parece fácil, sequer provável, um acordo global que implicaria cedências que
prejudicariam, inevitavelmente, o crescimento económico, o que destruiria a
própria economia consumista em que vivemos.
Será
um braço de ferro muito duro entre as economias desenvolvidas e as emergentes,
bem como os países subdesenvolvidos se não conformarão com as imposições que
lhes destruirão o “sonho” de se virem a desenvolver.
Mantenho,
por isso, as minhas dúvidas e, com elas, as minhas preocupações quanto ao
futuro desta Humanidade escrava dos seus vícios.
Tal
como eu, os ambientalistas criticam a pouca firmeza nas decisões tomadas, o excesso de propostas não vinculativas que contém e os aspectos importantes que não foram, sequer, incluídos nas exigências para elaboração dos planos.
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