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segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS – “A CHAMADA À ACÇÃO DE LIMA”


Quem, se a casa estiver em risco de ruir, se vai preocupar com uma mancha na parede da sala, com o empeno de uma porta ou com uma torneira que pinga? Logicamente, ninguém!
Mas não parece ser esta a lógica que o mundo tem seguido nas suas preocupações com os problemas que se lhe colocam, fazendo, quase sempre, distinções entre problemas que, bem vistas as coisas, não passam de ser o mesmo. Decerto por isso chegámos ao ponto de não parecermos capazes de resolver algum.
O controlo das causas das alterações climáticas que, em sucessivas cimeiras e conferências, são tratadas como um estorvo da civilização economicista que adoptámos, sempre acaba subalternizado aos problemas económicos, ao crescimento económico que se desmoronará se for travado no seu ímpeto para não parar de crescer.
São consequência desse crescimento excessivo os gases de cuja concentração crescente na atmosfera resulta o efeito de estufa que faz aumentar a temperatura média na Terra que, conjuntamente com outros efeitos da actividade humana, dão origem às alterações climáticas que poderão arruinar o nosso modo de viver.
Os compromissos para reduzir a emissão de gases de estufa vêm de há já bastante tempo, desde 1997, materializados num “protocolo de Quioto” do qual os resultados práticos foram quase nulos porque uns o não ractificaram, outros contradisseram as conclusões científicas que o impuseram e, outros ainda, posteriormente o negaram.
Mas a Natureza é mais forte e não alterou o seu caminho ao longo do qual as alterações climáticas se intensificaram, ao ponto de assustarem os políticos que aceitaram a “conferência de Lima” da qual resultou uma declaração final conhecida por “a chamada à acção de Lima”, na qual se estabelece que todos os países terão que apresentar planos nacionais à ONU até 31 de Março de 2015. Deverão conter compromissos "quantificáveis", "ambiciosos" e "justos" de redução da produção de gases de estufa, além de informações detalhadas das acções destinadas a alcançar a diminuição.
Da harmonização dos planos nacionais resultará o “acordo global” que deverá entrar em vigor em 2020.
Gostaria que tivesse esta conferência consequências bem diversas de todas as demais, marcasse um arrepio neste caminho de destruição que vimos percorrendo. Mas parecem-me ainda muitos os obstáculos nesta via pela qual a Convenção para a Mudança Climática da ONU quer encaminhar o mundo.
Não me parece fácil, sequer provável, um acordo global que implicaria cedências que prejudicariam, inevitavelmente, o crescimento económico, o que destruiria a própria economia consumista em que vivemos.
Será um braço de ferro muito duro entre as economias desenvolvidas e as emergentes, bem como os países subdesenvolvidos se não conformarão com as imposições que lhes destruirão o “sonho” de se virem a desenvolver.
Mantenho, por isso, as minhas dúvidas e, com elas, as minhas preocupações quanto ao futuro desta Humanidade escrava dos seus vícios.
Tal como eu, os ambientalistas criticam a pouca firmeza nas decisões tomadas, o excesso de propostas não vinculativas que contém e os aspectos importantes que não foram, sequer, incluídos nas exigências para elaboração dos planos.



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