Quando
os compadrios entre os poderes financeiros, figuras e órgãos do Estado são por demais
evidentes, aqui e em toda a parte, num processo em que os oportunistas e os interesses económicos conquistaram as rédeas do poder que exercem como lhes der na real gana, subornando ou controlando os que nominalmente o detêm, parece-me da maior importância uma
declaração ouvida a Passos Coelho num jantar de Natal das concelhias do PSD do
distrito de Santarém.
Afirmar
que “os donos do país estão a
desaparecer” para que passem a ser
os portugueses os seus donos, só pode ser uma excelente notícia. Assim, tal como corresponde a uma ambição dos democratas autênticos, ela
corresponda a uma realidade que, com esforço e bom senso, saibamos construir até ao fim e preservar,
depois, por todo o sempre.
Que
este seja um grito de revolta que, uma vez mais, nos dê a independência como a
que, ainda há poucos dias, comemorámos. Que seja a revolução autêntica que o 25
de Abril ainda não havia conseguido realizar, a construção de uma democracia esclarecida,
não subordinada a interesses que a transformam num regime explorador.
Os
portugueses já sabem como as leviandades se pagam caro e, por certo, não será tão cedo que
se esquecerão de quanto se sofre pelos erros que, por elas, se cometem.
Todos,
agora, nos damos conta de como se criam impérios financeiros, individuais ou de
grupo, que vão acumulando o produto do esforço dos que não fazem parte da
“confraria”. E todos esperamos, finalmente, que o “monstro” vá mostrando os
seus tentáculos até ficar completamente a nu, para que possa ser reduzido à
insignificância que é a dos usurpadores, dos oportunistas e dos inúteis, muitos
dos quais, curiosamente, se têm feito passar por esforçados democratas.
Quando
nos lembramos de como o governo de Sócrates, na sua loucura incontrolada de afirmação, se excedeu na construção de
infra-estruturas que aos grandes grupos económicos interessavam e, depois, instava a
banca nacional a comprar uma boa parte da dívida enorme que ia criando, não
podemos deixar de entender como, em troca, alguma coisa iria ser exigida e o
Estado Português a pagaria com o esforço de nós todos. Foi o buraco em que caímos!
São
esses laços, criados ao longo de dezenas de anos, que Passos Coelho diz que tem estado a cortar. Se assim é,
acabarão por aparecer os seus efeitos que, por certo, não deixaremos de reconhecer no meio
desta confusão absurda de culpas que fazem de uns ladrões e de outros vingadores e salvadores da pátria.
Mesmo que seja assim, haverá, decerto, ainda bastante para ser feito até nos sentirmos livres das
grilhetas com que as dependências nos amarram e nos criam os enormes problemas
como os que temos vivido e, com muito sacrifício vamos, aos poucos, resolvendo.
Quem me dera que seja a era da construção da democracia da cooperação em que cada um valha pela contribuição que der na restauração de um país que esteve quase vencido!
Quem me dera que seja a era da construção da democracia da cooperação em que cada um valha pela contribuição que der na restauração de um país que esteve quase vencido!
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