Dá para notar que, na
comunicação social cá do sítio, não há mais do que três ou quatro acontecimentos
que vão persistentemente marcando as notícias do dia-a-dia, aos quais se vão
associando mais um ou outro facto que, de um modo mais evidente ou mais
rebuscado, com eles se possa relacionar.
E já é muito para um
público que pouco ou nada quer saber do que se passa no mundo em que, mesmo que
o ignore, também vive.
São as declarações em que
Costa não diz ao certo o que pretende fazer nem se vai juntar-se com a esquerda
ou com a direita para formar o governo que, pretensamente, o
fará. Numa coisa, porém, já foi muito claro: o 1º de Dezembro voltará a ser
feriado! Já é qualquer coisa que eu acho bem.
Serão, também, as atitudes de Rui
Rio e de Paulo Portas que, por isto ou por aquilo, permitem explorar a ideia
de um piscar de olho ou de uma colagem ao que já é tido como o triunfador da
próxima temporada. São os jogos de quem, entendendo que em vez de remediar mais
vale prevenir, tanto faz fintas para entrar como para não sair.
Junte-se a prisão de
Sócrates que veio lançar a confusão numa estratégia política que parecia ter
tudo para ser bem sucedida mas que, em vez disso, pode tornar-se no pesadelo
que tudo poderá mudar por mais que se “separem as águas”. Dá pano para mangas e
nem imagino por quanto muito tempo mais, como naquelas telenovelas que, quando
o enredo parece cair num beco sem saída, se faz da personagem tola ou do
espectador estúpido para que tudo siga em frente.
Depois, o caso do BES que
pode consentir a esperança de um outro sem número de episódios, dos quais
possam brotar outras estórias porventura bem escandalosas, fruto desta
louvável investida da Justiça para as desmascarar.
Curta deverá ser a
discussão da reforma do IRS que mais parece um número circense de
contorcionismo do que um esforço sério dos representantes do povo para, como é
de seu dever, cuidar dos seus interesses. Do povo, evidentemente!
Não me parecem ser de juntar à lista
dos acontecimentos notáveis o folclore “soaresco” que, já sem ser notícia,
tanto jeito dá aos jornalistas e jornais e, muito menos, a enfadonha e brejeiríssima
“casa dos segredos”, apesar das mais altas audiências que tem e é, por isso, a
garantia do melhor “share” de um certo canal.
Por falta de assunto, as repetições
sucedem-se, mal disfarçadas em novas formas de dizer ou em opiniões que,
sabendo-se quem provêm, não é difícil de antecipar o que digam.
Os casos políticos que
poderiam gerar novas ideias que prevenissem as amarguras de um futuro que, a
curto prazo, muitos prevêem de um cinzento escuro, escasseiam. Por isso, escassas são, também, as ideias para evitar que assim seja.
Há muito tempo que aqui,
como em muitos outros lugares, não pára de “chover no molhado” e de se
travestir de novo o que é, inegavelmente, velho. É a modos que um caminhar sem
sair do mesmo lugar, aquele onde as ideias estagnaram, onde as razões se
acabaram e a visão do futuro se toldou não deixando à vista senão o caminho da
volta para trás.
Onde estão as novidades
ideológicas autênticas, aquelas a que deveriam dar lugar as que persistem em estiolar
no tempo que, todos o sentimos, não pára de correr?
E, deste modo, se vai
virando o disco para tocar o mesmo.
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