Passos Coelho diz que,
desta vez, não foi o mexilhão quem pagou a crise. Mas Ferro Rodrigues logo lhe responde
dizendo que está muito enganado sobre quem, afinal, a pagou!
A Passos Coelho ainda
posso reconhecer a pretensão do que disse, pelo menos pelo esforço que tenha
feito para que assim acontecesse, neste país onde não é fácil vencer os
tubarões que o fizeram refém dos seus interesses.
Já quanto a Ferro a Ferro
Rodrigues tenho dificuldade em conceder-lhe o direito de dizer quem paga ou não
uma crise que, mesmo se a não criou, contribuiu para que fosse bem mais dura.
Somente, a crise ainda não
passou e, por isso, seja qual for a conversa, a de um ou a do outro, mais não é
do que um recado para pateta ouvir porque outro propósito não têm para além de
tentar convence-lo do que a cada um mais convenha.
Afinal, a campanha
eleitoral já começou e, como qualquer outra anterior campanha, será mais uma
caça ao voto do que a informação que deveria esclarecer quem tem de decidir
como votar.
Continuam ainda a não ser
muitos os que preparam conscientemente a sua escolha, sendo bem maior o número
dos que se deixam levar por discursos apaixonados, pelo que a razão da maioria
continua a não ser mais do que uma ilusão que se esvai quando as promessas
aliciantes por que nasceu começam a não ser cumpridas. Infelizmente, foi sempre esta a razão das alternâncias nos últimos quarenta anos. Jamais se basearam em proposta concretas de futuro.
E novas fantasias, em vez de programas bem fundamentados, nos voltam agora a propor os que, de nós, nada mais querem do que o voto que legitima que se
apoderam de uma “democracia” que mais não tem sido do que trono onde sentam o
poder que conquistam.
Há muito que faço coro com
os que denunciam os erros que nos trouxeram até esta situação em que nos
encontramos. Mas, sem sucesso, soam cada vez mais fortes as vozes avisadas que
alertam para os problemas que a ambição desmedida a curto prazo vai tornar ainda maiores.
Então não fará grande
sentido a questão de saber qual o mexilhão que vai pagar a crise impiedosa que a
esta se seguirá, porque seremos, com certeza, todos a pagá-la.
Serão, os que chamam a
atenção para os riscos que a Humanidade corre, os falsos profetas que a Bíblia
diz que aparecerão no fim dos tempos ou serão, apenas, vozes que
pregam no deserto da ignorância e da ambição, através do qual uma política de
interesses ilícitos e mesquinhos vai fazendo o seu caminho?Já me pareceu estar mais longe a resposta a esta dúvida.
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