Depois da fortíssima
chamada de atenção das Nações Unidas, feita pelo próprio Secretário-Geral,
segue-se, agora, um relatório da Royal Society britânica que realça os
prejuízos materiais já causados pelas alterações climáticas extremas ao longo
dos últimos 30 anos, os quais avalia serem da ordem de onze biliões de euros!
Porém, considera o
relatório que nem serão os prejuízos materiais o mais importante, pois será a
frequência cada vez mais elevada e a intensidade cada vez maior dos fenómenos climatéricos o
que mais porá em risco as gerações futuras.
A prova destas alterações
climáticas profundas está perante os nossos olhos que podem ver o que se passa, se torna mais sensível ano após ano e que até para os mais novos, com menos
referenciais de comparação, é claramente evidente.
Sequências de condições
climatéricas completamente diferentes das que nos permitiam definir as “estações do
ano”, o “ciclo hidrológico”, fazer previsões de mais longo prazo, definir as
regras da actividade agro-pecuária e determinavam os graus de risco a assumir na a construção de obras de segurança hidráulica, são agora vulgares, tornando frequentes
intensidades que antes eram excepcionais e causam danos para cuja
prevenção não estamos preparados.
Chuvas intensas que causam
cheias destruidoras que fazem transbordar rios e muito frequentemente ultrapassam a capacidade das redes de drenagem das cidades, a subida do nível do mar que tornará mais graves os
efeitos dos temporais sobre a costa e vagas de calor intenso, são algumas das
consequências que não quisemos considerar como inevitáveis pela nossa insistência
em não proteger o Ambiente contra os efeitos de um modo de vida danoso e
perverso, de uma civilização focada no nível de vida em vez de na
qualidade e nas condições de vida como o deveria estar.
Depois de longo tempo a “encomendar”
estudos e relatórios que desmentissem os que alertavam para os perigos da
continuação de um tipo de actividade económica que agravava o “efeito de estufa”
de que resulta o sobreaquecimento global que está na origem destas alterações climáticas ou, pelo menos, da sua aceleração, os países mais evoluídos não têm, agora,
como desmentir a realidade preocupante que, por sua causa, vivemos. E
propõem-se tomar medidas que reponham “ordem” no clima, como se este se
comportasse ao sabor dos seus caprichos!
Mas creio que não terão meios nem condições para consertar o "brinquedo" que partiram.
Mas creio que não terão meios nem condições para consertar o "brinquedo" que partiram.
Depois de tantas “cimeiras”
e “protocolos” dos quais resultaram tímidos compromissos, mesmo assim nunca
devidamente cumpridos, será em Lima, capital do Perú que acolherá mais uma “conferência”,
a Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre as Alterações
Climáticas, para debater compromissos globais para travar a emissão de gazes de
estufa!
Valerá a pena reflectir
sobre o que poderão ser os resultados de mais esta conferência que me parece já
vir tarde demais e num tempo em que o mundo está demasiadamente preocupado com as suas guerrinhas
de estimação que lhe não deixam tempo para se prevenir contra este “castigo”
terrível com que a Natureza responde às agressões que lhe fizeram e depois de
tantos avisos que fez para acabarem com elas.
Uma reflexão que ficará
para depois.
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