ACORDO ORTOGRÁFICO

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sábado, 13 de dezembro de 2014

DELÍRIOS! UMA BOMBA ATÓMICA SOBRE A DEMOCRACIA.


Usando uma expressão que já foi mais usada do que agora é, apesar das cada vez mais numerosas circunstâncias que a justificariam, digo que “me caíram os queixos” com o que ouvi da boca do co-fundador do PS António Campos à saída da visita que fez a Sócrates na prisão de Évora.
Depois das declarações de Soares, foram as de António Campos que, sem qualquer dúvida, mais me impressionaram.
Não está em causa a presunção de inocência a que Sócrates, tal como qualquer outro cidadão, tem direito enquanto não for condenado. Mas as suspeitas fundamentadas são legítimas e nada deve impedir a Justiça de prosseguir, do modo como o julgar mais adequado, no apuramento da verdade, seja o suspeito quem for.
Contrariando esta ideia que, pelos vistos, apenas se aplica aos outros, diz Campos ter sido lançada uma bomba atómica sobre a democracia com a prisão de um ex-primeiro-ministro, um símbolo que deveria ser intocável! Uma ideia que Soares, de algum modo, havia ali também expressado com a afirmação de ser inadmissível que um polícia qualquer fosse prender Sócrates.
Campos subverteu completamente o conceito de democracia, como o fizera Soares, ao invocar as funções desempenhadas por alguém para tornar num atentado uma atitude da Justiça no desempenho das funções que lhe competem e do modo como a separação de poderes que o regime democrático consagra.
De resto, não é a democracia, por excelência, um conceito de igualdade de todos perante as oportunidades e a lei? Então, por qual razão seja quem for, porque desempenhou estas funções ou aquelas, não pode ser tratado como o é qualquer outro cidadão? Por que deveria um ex-primeiro-ministro estar acima da lei ou ser tratado de modo desigual de como o são os demais?
Fica em mim cada vez mais clara a ideia do aprisionamento da “democracia” pelos que, algum dia, julgaram ser os donos dela.


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