Portugal
vive um momento que desafia a sua capacidade de afirmação, a qual dependerá de
como for capaz de resolver as questões bicudas que tem em mãos.
Em
primeiro lugar, o entendimento dos seus verdadeiros problemas, aqueles de cuja
resolução depende o seu futuro até aqui subalternizado a interesses financeiros,
pessoais e partidários que facilmente iludem um eleitorado pouco esclarecido, por
isso facilmente influenciável por argumentos demagógicos e crente de ser a
simples alternância a solução que não é, pois, como o passado o confirma,
apenas tem sido a passagem de um equívoco para outro.
Há
demasiadas provas da falta da persistência de que depende o sucesso de qualquer
missão, característica de quem não está preparado para a levar a cabo.
As
próximas eleições legislativas bem podem ser mais um enorme equívoco de uma
democracia que, mesmo ao fim de quarenta anos, ainda não dá provas da
maturidade que já deveria ter mas, em vez disso, parece ter enveredado por
caminhos esconsos, em cujos becos se esconde a promiscuidade que tem consentido
os desmandos de quem dela se serve para ser gente!
Não
quero augurar desgraças porque não é meu desejo vivê-las. Por isso, bom será
que um futuro suficientemente próximo desfaça as minhas preocupações quando os
candidatos ao poder apresentarem projectos e propósitos para um autêntico
desenvolvimento do país, se os tiverem, e a Justiça der mostras de estar,
finalmente, livre das teias que a têm impedido de o ser.
Depois
de alguns casos que fizeram acreditar numa Justiça diferente, desinibida, livre
de preconceitos e de influências que a inibam, própria de um autêntico Estado
de Direito, temo que a demagogia uma vez mais entrave, na confusão dos julgamentos
de rua, o que, sem perturbações, deveria ser esclarecido nos locais próprios que
são os tribunais, pois é para a rua que está a ser levado o julgamento de um
ex-primeiro-ministro que escreve cartas, quer dar entrevistas e escolheu um
advogado que me parece o certo para o apoiar em tal propósito.
É
para a rua que o leva o corrupio de notáveis que fazem do estabelecimento
prisional de Évora um santuário onde, como alguns até disseram, está a prova da
vergonha que deveria cobrir uma Justiça que ousou por as mãos em cima de quem
já desempenhou altas funções políticas neste país.
É
a defesa de uma casta de inimputáveis que um novo Olimpo acolhe na glória das
leis que fizeram, acima das quais é apenas seu privilégio poder estar.
Um
polvo enorme emergiu das águas turvas da promiscuidade em que, desde há dezenas
de anos, a nossa democracia chafurda e mostra que os “milagres” económicos não
passam de teias ardilosamente tecidas pelos “gestores do ano” que os políticos
agraciam, para enganar os tolos que pelas suas manigâncias se sentem
deslumbrados.
E
os que, como acontece com a maioria de nós, não têm pais ricos, nelas acabam
por cair desamparados, perdendo o muito pouco que com tanto suor conseguiram.
Das
confusões que fazem das engenharias financeiras sucessos de uma economia que,
afinal, não é, todos já nos damos conta sem, contudo, conseguir ainda distinguir,
por entre tantos “biliões” que andam à solta, a verdadeira dimensão e natureza
das manobras de um enorme polvo do qual muitos tentáculos continuam ainda sem
se ver mas que, como diria o Poeta, irão ainda além da Taprobana, porventura destruindo
este país se, entretanto, não for capaz de os não cortar de vez!
Está
em curso a maior conspiração de sempre, a do polvo que se viu descoberto nas
manobras perversas que perpetra.
Será
que vamos cair nessa?
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