Nem o corrupio constante de
visitantes ilustres, como Évora porventura jamais viu, consola Sócrates.
O ex-primeiro-ministro parece, mesmo assim, sentir-se sozinho contra o mundo que acusa numa frase que, por certo, se vai tornar lapidar: "O sistema vive da cobardia dos políticos, da cumplicidade de alguns jornalistas, do cinismo dos professores de Direito e do desprezo que as pessoas decentes têm por tudo isto".
O ex-primeiro-ministro parece, mesmo assim, sentir-se sozinho contra o mundo que acusa numa frase que, por certo, se vai tornar lapidar: "O sistema vive da cobardia dos políticos, da cumplicidade de alguns jornalistas, do cinismo dos professores de Direito e do desprezo que as pessoas decentes têm por tudo isto".
Obviamente
que só posso enquadrar-me no grupo das pessoas decentes porque, para além de o
ser, não sou político, nem jornalista nem professor de direito. Somente não
faço ideia do que seja o “tudo isto” que, pelos vistos, desprezo! Mas vou ficar atento, a ver se descubro o que será.
Os
“políticos” que o vão confortar fazem questão de “separar as águas” que a sua aparente
solidariedade para com o mais famoso recluso de um estabelecimento prisional
que se tornou vedeta pode parecer querer juntar. Não desejam, obviamente, que a
visita possa prestar-se a confusões que reavivem memórias dos tempos de uma governação descuidada
ou de recentes projectos de uma “rentrée” política que poderia fazer do “parisiense”
Pinto de Sousa um candidato a Belém.
Os
“jornalistas” assentam arraiais nas redondezas para nada perder do reality show
mais famoso do momento, com o qual preenchem toneladas de papel de jornal que fazem
uma concorrência feroz às estórias de famosos que os cronistas sociais escarrapacham
numa infinidade de revistas em papel couché. É assim que satisfazem a curiosidade dos que gostam
de coscuvilhar vidas alheias.
Os
“professores de Direito” dirão, por certo, coisas que ao detido não agradam,
coisas que nem me atrevo a discutir porque vão para além do Direito corriqueiro
que está ao meu alcance e se tornou parte de uma cultura geral rasteirinha que
me não concede o direito de opinar porque, afinal, “ninguém é culpado antes de
condenado”.
É
nestas alturas que me apetece antecipar o tempo para saber do que me vou rir
depois. Mas é bem melhor que corra mais pausadamente o tempo que, como
ouvi um comerciante eborense dizer, fez nascer um “turismo” inesperado que traz
alguma bem vinda amenidade à crise que por ali também se instalou. E quem haveria de dizer que seria
Sócrates a amenizá-la?
Sem comentários:
Enviar um comentário