ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

SOZINHO CONTRA O MUNDO


Nem o corrupio constante de visitantes ilustres, como Évora porventura jamais viu, consola Sócrates. 
O ex-primeiro-ministro parece, mesmo assim, sentir-se sozinho contra o mundo que acusa numa frase que, por certo, se vai tornar lapidar: "O sistema vive da cobardia dos políticos, da cumplicidade de alguns jornalistas, do cinismo dos professores de Direito e do desprezo que as pessoas decentes têm por tudo isto".
Obviamente que só posso enquadrar-me no grupo das pessoas decentes porque, para além de o ser, não sou político, nem jornalista nem professor de direito. Somente não faço ideia do que seja o “tudo isto” que, pelos vistos, desprezo! Mas vou ficar atento, a ver se descubro o que será.
Os “políticos” que o vão confortar fazem questão de “separar as águas” que a sua aparente solidariedade para com o mais famoso recluso de um estabelecimento prisional que se tornou vedeta pode parecer querer juntar. Não desejam, obviamente, que a visita possa prestar-se a confusões que reavivem memórias dos tempos de uma governação descuidada ou de recentes projectos de uma “rentrée” política que poderia fazer do “parisiense” Pinto de Sousa um candidato a Belém.
Os “jornalistas” assentam arraiais nas redondezas para nada perder do reality show mais famoso do momento, com o qual preenchem toneladas de papel de jornal que fazem uma concorrência feroz às estórias de famosos que os cronistas sociais escarrapacham numa infinidade de revistas em papel couché. É assim que satisfazem a curiosidade dos que gostam de coscuvilhar vidas alheias.
Os “professores de Direito” dirão, por certo, coisas que ao detido não agradam, coisas que nem me atrevo a discutir porque vão para além do Direito corriqueiro que está ao meu alcance e se tornou parte de uma cultura geral rasteirinha que me não concede o direito de opinar porque, afinal, “ninguém é culpado antes de condenado”.
É nestas alturas que me apetece antecipar o tempo para saber do que me vou rir depois. Mas é bem melhor que corra mais pausadamente o tempo que, como ouvi um comerciante eborense dizer, fez nascer um “turismo” inesperado que traz alguma bem vinda amenidade à crise que por ali também se instalou. E quem haveria de dizer que seria Sócrates a amenizá-la?


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