ACORDO ORTOGRÁFICO

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sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

COMO UM HOUDINI


Eu sei, todos sabemos, que a Justiça não é, necessariamente, justiça. Se o fosse não haveria inocentes condenados por coisas que não fizeram nem culpados ilibados dos crimes que cometeram.
Obviamente que tudo quanto é humano tem limitações, insuficiências, mesmo que haja quem julgue que não. É por isso que só não erra quem nada faz, que só não cometeu erros de apreciação quem nunca tenha julgado.
Tudo humano, tudo natural! Mas aqueles “truques” que as técnicas do Direito consentem para branquear situações é que me parecem ir para além do que a condição humana possa justificar, como me parecem ser os tão frequentes “erros processuais” que podem destruir todo um processo longo e trabalhoso de investigação, anular a culpa mais do que demonstrada de alguém e deixar sem condenação o crime mais hediondo, tal como as provas que, por isto ou por aquilo, não podem ser consideradas apesar da prova que inequivocamente façam.
Não faço julgamentos destes e, de Sócrates, apenas saberei muito pouco ou quase tudo, dependendo da mentira ou da verdade que o que dele se diz possa ser.
Mas depois de tanta coisa ao longo de tanto tempo, de tantas barreiras colocadas no caminho das investigações de culpas que lhe foram atribuídas, de tantas sérias dúvidas que ficaram de julgamentos amputados, só me apetece pensar que ou Sócrates é a vítima mais vítima que já conheci ou um verdadeiro Houdini da Justiça que consegue livrar-se mesmo das situações mais complicadas.
Talvez o futuro nos esclareça o que ele, de facto, seja. Porventura um anjo até, apesar da reputação de diabo que tem, se alguém a quem o dinheiro nasce debaixo dos pés se o corrupto que há quem diga que seja. Logo se verá. Ou talvez não!
No processo de fazer justiça que temos e depois de investigações demoradas, foram encontrados indícios sérios de culpa cujo prosseguimento das investigações ele poderia comprometer se estivesse em liberdade. Daí a prisão preventiva que lhe foi imposta. Foi o julgamento que um juiz de Direito fez.
Mas querer anular tal decisão por “excesso de prazo de inquérito” é coisa que o meu descomplicado modo de pensar não digere facilmente. Mas já vi tanta coisa…
Dizia-me um velho amigo jurista, advogado muito conhecido pela sua competência, que nestas questões da Justiça só ainda não tinha visto vacas a voar! Mas quem sabe se, um dia, até vacas voarão?


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