Eu sei, todos sabemos, que
a Justiça não é, necessariamente, justiça. Se o fosse não haveria inocentes
condenados por coisas que não fizeram nem culpados ilibados dos crimes que
cometeram.
Obviamente que tudo quanto
é humano tem limitações, insuficiências, mesmo que haja quem julgue que não. É por isso que só
não erra quem nada faz, que só não cometeu erros de apreciação quem nunca tenha
julgado.
Tudo humano, tudo natural!
Mas aqueles “truques” que as técnicas do Direito consentem para branquear
situações é que me parecem ir para além do que a condição humana possa
justificar, como me parecem ser os tão frequentes “erros processuais” que podem
destruir todo um processo longo e trabalhoso de investigação, anular a culpa
mais do que demonstrada de alguém e deixar sem condenação o crime mais
hediondo, tal como as provas que, por isto ou por aquilo, não podem ser
consideradas apesar da prova que inequivocamente façam.
Não faço julgamentos
destes e, de Sócrates, apenas saberei muito pouco ou quase tudo, dependendo da mentira
ou da verdade que o que dele se diz possa ser.
Mas depois de tanta coisa
ao longo de tanto tempo, de tantas barreiras colocadas no caminho das
investigações de culpas que lhe foram atribuídas, de tantas sérias dúvidas que
ficaram de julgamentos amputados, só me apetece pensar que ou Sócrates é a vítima mais vítima que já
conheci ou um verdadeiro Houdini da Justiça que consegue livrar-se mesmo das
situações mais complicadas.
Talvez o futuro nos
esclareça o que ele, de facto, seja. Porventura um anjo até, apesar da
reputação de diabo que tem, se alguém a quem o dinheiro nasce debaixo dos pés se o corrupto que há quem diga que seja. Logo se verá. Ou talvez não!
No processo de fazer
justiça que temos e depois de investigações demoradas, foram encontrados
indícios sérios de culpa cujo prosseguimento das investigações ele poderia
comprometer se estivesse em liberdade. Daí a prisão preventiva que lhe foi
imposta. Foi o julgamento que um juiz de Direito fez.
Mas querer anular tal
decisão por “excesso de prazo de inquérito” é coisa que o meu descomplicado
modo de pensar não digere facilmente. Mas já vi tanta coisa…
Dizia-me um velho amigo jurista,
advogado muito conhecido pela sua competência, que nestas questões da Justiça
só ainda não tinha visto vacas a voar! Mas quem sabe se, um dia, até vacas voarão?
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