ACORDO ORTOGRÁFICO

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sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

ENTRE AS BRUMAS DA IGNORÂNCIA


Poucas coisas podem soar-me pior do que as tentativas de fazer de estúpido seja quem for. Mas é o que mais vejo por aí fazer por muita gente que, nos jornais, nas rádios e nas televisões, tem lugares cativos que, tal como se fossem cátedras, lhes credibilizam os disparates que debitam mesmo quando é por demais evidente que estar calado seria bem melhor. 
E falam, comentam e demonstram o indemonstrável com base em lógicas perante as quais a lapalissiana parece ser inexcedivelmente inteligente.
Seja um advogado candidato a político com a lógica de quem não tem na verdade um objectivo mas sim no que possa fazer crer que é, seja um político para quem o preto é branco se for isso que mais lhe convém, seja um candidato ao poder que envolve em sugestões de milagres as soluções que não tem ou seja um mentecapto qualquer que simplesmente encaixa a cassete que uma simpatia qualquer lhe impingiu porque tem a inteligência adormecida.
E os tempos mais recentes têm sido férteis em coisas assim, deixando a claro ignorâncias, irresponsabilidades, arrogâncias, corrupções e quantas coisas mais que não são, de todo, aquilo de que um país, nas condições em que Portugal se encontra, necessita.
Em catadupas se sucedem escândalos que a opacidade de uma certa liberdade democrática tem escondido dos que, ingenuamente, crêem em milagres que fazem fortunas nascer do nada ou esquecem as evidências do passado porque têm memória curta ou cérebro de galinha.
É a hora de fazer luz sobre tanta coisa difícil de explicar, sobre tantos sucessos sem razões para acontecer. Uma oportunidade que, se for perdida, nos manterá, definitivamente, na idade das sombras de que tentamos sair.
A democracia que tem as virtudes que a nossa, por mal dos nossos pecados, está muito longe de ter, não se faz com a ignorância ou o faz de conta com que a vivemos, mas sim com o conhecimento e a transparência que só a verdade esclarecida pode ter.
Estão a chegar tempos difíceis a que só com inteligência poderemos sobreviver. A solução apenas dependerá de nós.


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