Será que de país de bananas, como tantas
vezes se diz ser e onde, em regra, a culpa morre solteira, Portugal se tornou num país dominado pelo despotismo idiota
que faz de “inocentes” as suas pobres presas?
Depois de seis meses que se seguiram a
outros mais de investigação sobra a origem da fortuna que Sócrates gasta mas,
como afirma, não possui, ainda é possível ao ex-Primeiro Ministro de Portugal
escrever a carta em que, antecipando-se à decisão do Juiz, diz opor-se ao uso
da pulseira electrónica? Nela, Sócrates afirma que “A minha prisão
constituiu uma enorme e cruel injustiça. Seis meses sem acusação. Seis meses
sem acesso aos autos. Seis meses de um furiosa campanha mediática de
denegrimento e de difamação, permitida, se não dirigida, pelo Ministério
Público. Seis meses de imputações falsas, absurdas e, pior – infundamentadas, o
que significa que o Ministério Público não as poderia nem deveria fazer, por
não estarem sustentadas nem em indícios, nem em factos, nem em provas. Seis
meses, enfim, de arbítrio e de abuso.”
Se a isto juntarmos o que temos ouvido dos seus advogados e, sobretudo,
dessa insuperável e mítica figura que é Mário Soares, ficaremos com todo o
direito à dúvida de saber quem são os loucos neste país, se os que no
Ministério Público e na PJ pretendem fazer o seu trabalho sem que a liberdade de
Sócrates perturbe a obtenção de provas para o acusar, se o seu cortejo de advogados,
visitantes e admiradores que juram a pés juntos que as provas não existem e
clamam por uma inocência que já poucos crêem que exista.
Já não falo nos sucessivos programas em que decorre o julgamento
público desta figura controversa da política nacional, engenheiro em nome
individual e muito provável futuro Prémio Nobel da Economia pela afirmação de
não serem as dívidas para pagar, no qual as provas são já tantas que dá para
pensar que o limite de 25 anos de prisão será bem curto para delas se redimir.
A verdade, porém, é que as dívidas se pagam e eu tenho contribuído bem
para isso. Apenas Tsipras pensa assim também e, porventura, Costa que tanto o elogiou!
Mas é natural que Sócrates se diga inocente. Todos, na sua situação,
assim se dizem.
Mas, perante o que se passa entre uma Instituição à qual cabe zelar, no
domínio da Justiça, pelos valores da Nação, o Ministério Público, e o ex-mais
alto Magistrado do país, Mário Soares, apetece perguntar qual estará senil!
De advogados irritadiços nem falo porque lhes compete este papel de
fazer parecer o que convém ao seu constituinte e cada um faz à sua maneira, com
mais ou menos sobriedade.
Tão longa e, por enquanto, tão mal contada como as telenovelas que as televisões, por dia, passam às dúzias, esta estória já chateia!
Já não irei a tempo de me aproveitar de tal arte,
mas, mesmo assim, gostava de não morrer sem saber como se pode dispor de
fortunas de muitos milhões com o ordenado de Primeiro-Ministro ou, mais até do
que isso, onde se arranjam amigos tão generosos que os disponibilizam sem
pedir nada em troca...
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