Obviamente, a arte maior dos políticos é a
de fazer crer que é, aquilo que lhes convém que seja. Tantas vezes já o disse
que me custa repeti-lo. Mas há circunstâncias que exigem que o faça, o repita
quantas vezes forem necessárias, sobretudo quando os raciocínios manhosos que envolvem
são ofensivos até da inteligência mais discreta.
Diz o FMI, contrariando o Governo, que
Portugal não cumprirá a meta do défice se não fizer cortes adicionais na
despesa, o que significa que a austeridade que impôs ficou aquém da que as
circunstâncias exigiriam.
Em primeiro lugar, esta afirmação do FMI não
passa da previsão de um resultado para cuja avaliação o Governo possui,
decerto, mais informação e, por isso, não existem razões poderosas que levem a
tomá-la como uma indiscutível verdade.
Depois, a ser verdade, significará que
austeridade que Costa considera excessiva teria sido, afinal, insuficiente.
Não consigo, por isso, entender a lógica que
leva Costa a afirmar que “até os amigos do Governo confirmam (que falhou)” e,
tendo falhado, há que mudar de política para se conseguirem os resultados
desejados que, segundo o FMI, se conseguiriam com mais austeridade!
Fará algum sentido aceitar uma afirmação
negando as premissas que a fundamentam? Não creio que faça porque tal seria um
contra-senso.
Sem discutir as políticas que seriam ou não
as melhores, ainda que não veja alternativa à austeridade razoável que a exiguidade
real imponha, não posso deixar de condenar a truculência oportunista de quem se
propõe governar o meu país e de me preocupar com o modo como, assim, vai influenciar
a minha vida.
Se a solução de Costa é a do salto para
frente como a que tanto elogiou ao Syrisa, será de temer que as consequências
sejam as que para os gregos se antevêem e a curto prazo…
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