ACORDO ORTOGRÁFICO

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terça-feira, 2 de junho de 2015

ENTRE AUTO-ESTRADAS E CARREIROS DE CABRAS


Há dezenas de anos que a estrada N338 que liga os Piornos a Manteigas e se desenvolve ao longo da encosta leste do Vale Glaciar do Zêzere, se encontra em degradação continuada por falta de cuidados de manutenção e de adaptação das suas características às necessidades de tráfego que a beleza natural do maior vale glaciar da Europa certamente promoveria.
Desde há dezenas de anos que uma estrada desgastante e perigosa deixa Manteigas de fora dos circuitos turísticos principais da Serra da Estrela, privando-a do que seria a sua principal fonte de rendimento, o turismo, para além de outras amputações descaradas que uma frouxa administração local tem consentido ou, até quem sabe, interesses pessoais alguma vez encorajaram.
Propõe-se, agora, a EP “requalificar” uns 12 tortuosos quilómetros de estrada com uma repavimentação betuminosa, a reparação de alguns muros danificados e a limpeza de drenagens inferiores, com um plano de trabalhos com a duração de 4 meses!
É certo que não consentem as finanças nacionais devaneios em gastos inúteis, nem as circunstâncias e o bom senso justificariam ali mais do que a rectificação razoável do traçado e o alargamento da via de modo a torna-la facilmente acessível a certos tipos de viaturas que, agora, nela se não aventuram.
Mas o mesmo bom senso aconselharia a que se não malbaratasse um euro sequer numa mistificante obra de “requalificação” como a que a EP se propõe realizar e que em nada melhorará as deficientes condições de tráfego que manterão a “sede” do parque natural da Serra da Estrela em Seia e Manteigas fora do mapa!
É assim que a desertificação humana e económica do Interior de Portugal progride e o país empobrece no desperdício de muitos valores importantes que possui.
Mas diz o ditado que quem do seu não cuida o diabo o leva e não podem, por isso, os manteiguenses dizer-se vítimas do que, atempadamente, não cuidaram, deixando à sorte o que pudesse acontecer. E aconteceu!
Mesmo assim, é um caso imperdoável de medíocre capacidade de gestão, esta decisão de gastar dinheiro para não fazer o mínimo que as circunstâncias reclamam.


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