Há dezenas de anos que a
estrada N338 que liga os Piornos a Manteigas e se desenvolve ao longo da
encosta leste do Vale Glaciar do Zêzere, se encontra em degradação continuada
por falta de cuidados de manutenção e de adaptação das suas características às
necessidades de tráfego que a beleza natural do maior vale glaciar da Europa
certamente promoveria.
Desde há dezenas de anos
que uma estrada desgastante e perigosa deixa Manteigas de fora dos circuitos
turísticos principais da Serra da Estrela, privando-a do que seria a sua
principal fonte de rendimento, o turismo, para além de outras amputações descaradas
que uma frouxa administração local tem consentido ou, até quem sabe, interesses
pessoais alguma vez encorajaram.
Propõe-se, agora, a EP “requalificar”
uns 12 tortuosos quilómetros de estrada com uma repavimentação betuminosa, a
reparação de alguns muros danificados e a limpeza de drenagens inferiores, com um
plano de trabalhos com a duração de 4 meses!
É certo que não consentem
as finanças nacionais devaneios em gastos inúteis, nem as circunstâncias e o
bom senso justificariam ali mais do que a rectificação razoável do traçado e o
alargamento da via de modo a torna-la facilmente acessível a certos tipos de
viaturas que, agora, nela se não aventuram.
Mas o mesmo bom senso
aconselharia a que se não malbaratasse um euro sequer numa mistificante obra de
“requalificação” como a que a EP se propõe realizar e que em nada melhorará as
deficientes condições de tráfego que manterão a “sede” do parque natural da
Serra da Estrela em Seia e Manteigas fora do mapa!
É assim que a
desertificação humana e económica do Interior de Portugal progride e o país
empobrece no desperdício de muitos valores importantes que possui.
Mas diz o ditado que quem
do seu não cuida o diabo o leva e não podem, por isso, os manteiguenses dizer-se
vítimas do que, atempadamente, não cuidaram, deixando à sorte o que pudesse acontecer. E
aconteceu!
Mesmo assim, é um caso
imperdoável de medíocre capacidade de gestão, esta decisão de gastar dinheiro
para não fazer o mínimo que as circunstâncias reclamam.
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