A menos os
excessos que a afirmação contém, nomeadamente a de “achar bem” tamanha
desgraça, posso aceitar que “a forma inteligente de olhar a Grécia é
perceber que enquanto não mudarmos a actual abordagem política e económica
(para uma outra qualquer) (estaremos a dizer que achamos bem) que, como refere
o programa Solidarity4all grego, exista um país onde: 33% da população esteja
sem acesso à segurança social e cuidados de saúde; haja um aumento de 40% na
mortalidade infantil; cerca de 20% de crianças tenham deixado se ser vacinada;
290 mil crianças tenham ambos os pais desempregados; 17% da população seja
incapaz de suprir as despesas de alimentação; 44% da população viva abaixo do
limiar de pobreza; ocorra uma quebra de 30% dos rendimentos das famílias;
mais de 50% dos jovens estejam sem emprego; ocorram reduções de pensões na
ordem dos 45%; a redução salarial seja em media de 38% e mais e mais”.
Obviamente,
ninguém decente pode achar bem uma coisa assim! Como se não pode achar bem que
situações ainda muito piores existam em mais de metade do mundo que, nestas
conjecturas, parece ficar esquecido. São vidas com que estas políticas se não
preocupam.
Mas qual será a
outra forma qualquer de abordar o problema grego?
- Perdoar, uma
vez mais, dívidas sem que de tal advenham os resultados positivos que se
esperavam?
- Fazer tábua
rasa do passado e, simplesmente, sustentar o enorme défice orçamental que a
Grécia não é capaz de evitar?
- Outra qualquer
forma que não passe pelos inevitáveis sacrifícios que os gregos, como quaisquer
outros em dificuldades, terão de fazer?
A situação da
Grécia é deplorável e não será possível deixar de sentir solidariedade para com
um povo nestas condições. Mas não acredito numa qualquer solução milagrosa nem,
sequer, muito generosa da parte daqueles que têm como regra básica que “não há
almoço de graça”.
Como não acredito
num país com uma administração como a grega que, por isso, terá de ser
corrigida.
Uma situação assim
não se atinge de um dia para o outro porque é fruto de um modo demasiado
permissivo de viver ao longo de muito tempo encobrindo as dívidas que
acumulava. Não será, por isso, de um dia para o outro que a situação se
alterará e não haverá solidariedade disponível que substitua o esforço que aos
próprios gregos compete suportar.
Não me restam
dúvidas quanto à necessidade de mudar a actual abordagem económica e política,
mas não apenas para resolver a situação grega porque é a situação da Europa e do
mundo inteiro que o exige.
A solução, se a
quiserem adoptar, estará na sobriedade que substitua o consumismo, a qual, como
diz o Papa Francisco I, não se opõe ao desenvolvimento mas que, perante os
problemas do mundo, se tornou na condição para nele viver.
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