Cristãos e não cristãos conhecem bem o episódio
da condenação de Cristo, da qual Pilatos lavou as suas mãos pedindo ao povo que,
entre ele e o ladrão Barrabás, tomasse a decisão sobre quem enviar para a
morte.
Assim se propõe fazer Tsipras com a decisão
de aceitar ou não as condições que lhe impõem para poder ter a ajuda financeira
de que a Grécia urgentemente necessita.
Mas para além desta semelhança com a fraca
personalidade do Governador romano da Judeia há mais de 2.000 anos, há uma
questão maior que é a de se propor repetir, num referendo, a pergunta que
fizera na campanha eleitoral que lhe deu uma vitória clara e fez de si Primeiro-Ministro
do seu país.
Em função do mandato que lhe foi conferido,
a resposta às propostas das “instituições”, às quais se recusa chamar Troika,
só poderia ser NÃO pois, de outro modo, trairia os seus eleitores a quem
prometeu o fim da austeridade.
Se nisso o apoiaram com uma maioria que não
deixou dúvidas, que significará, de facto, o referendo que vai fazer?
O referendo que fizer só pode significar o
falhanço completo do que prometeu e, por isso e independentemente do resultado
que tiver, novas eleições serão a verdadeira resposta à atitude que quer tomar.
De facto, se a resposta for para aceitar,
Tsipras deve renunciar ao seu cargo porque tal significará ter de gerir
conforme uma política que não é a sua. Se a resposta for o “não” que a lógica
faria esperar, Tsipras deverá renunciar também pela incapacidade que revelou
para decidir em conformidade com o mandato que recebeu.Seria assim se a lógica na política não fosse uma batata que antes de apodrecer grela...
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