Sem deixar de me
solidarizar com a tragédia que o povo grego sofre, não posso ignorar a
austeridade que a irresponsabilidade de um governo esbanjador nos impôs, a qual
me leva a discordar de medidas que proporcionem à Grécia condições excepcionais
que Portugal não teve e que, para além disso, não passariam de uma panaceia
breve e inútil para o problema da insolvabilidade de um país onde o mercado
paralelo é descaradamente visível e gasta mais do que o que produz.
E o povo sofre e sofrerá
ainda mais porque sucessivos governos lhe fizeram crer que havia riqueza que
não há e lhe consentiu as leviandades que praticou em vez da contenção que as
circunstâncias recomendavam.
Aliás, não é este apenas
um mal grego porque é mais uma epidemia que se espalha com uma rapidez
crescente, com as dívidas públicas dos países, mesmo nas economias maiores, a
crescerem constantemente.
Não imagino o que os
políticos pensam quando fazem do regresso a um passado impossível a solução
para esta crise que, parece que definitivamente, se instalou.
O problema que a
Humanidade enfrenta é muito sério e carece da uma reflexão profunda que os
interesses instalados persistentemente recusam e impedem numa atitude que só
pode fazer lembrar aquele típico egoísmo “o último que apague a luz e feche a
porta”.
O que esperará alguém de
umas negociações que não atam nem desatam, de uns dirigentes europeus que ainda
alimentam esperanças em soluções impossíveis e de um governo grego que, para
não dar o braço a torcer, não se importa com as consequências que tal atitude
possa ter.
Não seria já tempo de
repararem, uns e outros, que tal como as bactérias se tornaram resistentes aos
antibióticos também a crise resiste às medidas tradicionais para a superar e
que novas soluções terão, por isso, de ser procuradas?
Mas, infelizmente, até os
que são os maiores opositores do capitalismo não sabem pensar diferente dos “capitalistas”,
nem têm soluções diferentes das que estes têm.
Parece que caímos num
ciclo vicioso que alguma coisa que não sei o que seja um dia, decerto, cortará.
Com as consequências que tiver.
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