ACORDO ORTOGRÁFICO

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domingo, 14 de junho de 2015

O ÚLTIMO QUE APAGUE A LUZ E FECHE A PORTA


Sem deixar de me solidarizar com a tragédia que o povo grego sofre, não posso ignorar a austeridade que a irresponsabilidade de um governo esbanjador nos impôs, a qual me leva a discordar de medidas que proporcionem à Grécia condições excepcionais que Portugal não teve e que, para além disso, não passariam de uma panaceia breve e inútil para o problema da insolvabilidade de um país onde o mercado paralelo é descaradamente visível e gasta mais do que o que produz.
E o povo sofre e sofrerá ainda mais porque sucessivos governos lhe fizeram crer que havia riqueza que não há e lhe consentiu as leviandades que praticou em vez da contenção que as circunstâncias recomendavam.
Aliás, não é este apenas um mal grego porque é mais uma epidemia que se espalha com uma rapidez crescente, com as dívidas públicas dos países, mesmo nas economias maiores, a crescerem constantemente.
Não imagino o que os políticos pensam quando fazem do regresso a um passado impossível a solução para esta crise que, parece que definitivamente, se instalou.
O problema que a Humanidade enfrenta é muito sério e carece da uma reflexão profunda que os interesses instalados persistentemente recusam e impedem numa atitude que só pode fazer lembrar aquele típico egoísmo “o último que apague a luz e feche a porta”.
O que esperará alguém de umas negociações que não atam nem desatam, de uns dirigentes europeus que ainda alimentam esperanças em soluções impossíveis e de um governo grego que, para não dar o braço a torcer, não se importa com as consequências que tal atitude possa ter.
Não seria já tempo de repararem, uns e outros, que tal como as bactérias se tornaram resistentes aos antibióticos também a crise resiste às medidas tradicionais para a superar e que novas soluções terão, por isso, de ser procuradas?
Mas, infelizmente, até os que são os maiores opositores do capitalismo não sabem pensar diferente dos “capitalistas”, nem têm soluções diferentes das que estes têm.
Parece que caímos num ciclo vicioso que alguma coisa que não sei o que seja um dia, decerto, cortará. Com as consequências que tiver.


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