ACORDO ORTOGRÁFICO

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sexta-feira, 13 de maio de 2011

D. SÓCRATES DE LA MANCHA!

Numa daquelas tiradas muito ao seu estilo, afirmou Sócrates, num jantar de campanha em Viseu, que Portugal não precisa de lideranças que se dedicam “à discussão de cenários catastrofistas” para Portugal, mas que dêem alento aos portugueses, acrescentando que “o dever das lideranças neste momento é defender o nosso país…”
Foi-lhe inspirada esta tosca “oração patriótica” pela decisão de Passos Coelho de analisar as consequências de Portugal poder não cumprir o acordo assinado para a ajuda conjunta FMI/BCE/UE.
Sobretudo a parte em que Sócrates afirma que, nestas circunstâncias e em vez disso, o dever das lideranças é defender o nosso país, fez-me lembrar a imortal obra de Cervantes em que um D Quixote, ausente da realidade, luta contra moinhos de vento para defender a sua Dulcineia!
Sócrates, bem como quem o orienta neste estilo de campanha, não é louco de se expor ao ridículo de um discurso tão ingenuamente patriótico e voluntarioso se não tivesse alguma noção das suas consequências positivas junto do público a quem o dirigiu. Infelizmente, este tipo de campanha tem produzido os seus efeitos em quem, em vez de pensar, prefere entusiasmar-se com ditos bombásticos cuja nulidade a euforia disfarça!
Pareceu-me, também, paradigmático este discurso que privilegia o aventureirismo em vez da sensatez, o “vamos para a frente” antes do “vamos pensar” que fez chegar o país ao desgraçado ponto a que chegou, pois Sócrates agiu sem reflectir quando encheu o país de auto-estradas excessivas cujos elevadíssimos custos não são justificados pelos benefícios sociais que possam trazer, entrou na aventura dos aeroportos e TGV’s que a crise inevitável desaconselhava, foi sensível às lamúrias de um sector de obras públicas que lhe conseguiu arrancar contratos escandalosamente ruinosos para Portugal.
Foi deste modo, sem pensar nos males que poderiam surgir, sem avaliar os problemas que poderia enfrentar que Sócrates governou levianamente Portugal e o fez ficar de rastos perante os credores estrangeiros de uma dívida que o seu aventureirismo fez crescer assustadoramente!
Bem faz Passos Coelho em pensar nos males que um incumprimento de compromissos assumidos possa trazer, já que foi marca de Sócrates sucessivamente não cumprir os que assumiu!
Diz o bom senso que é pensando no pior que males maiores podem evitar-se!

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