Ouvi a entrevista que
Passos Coelho concedeu a José Gomes Ferreira e, do modo como me pareceu
correcto que fizesse, confrontei o que ele disse com a noção que tenho da
realidade e não me pareceu descabido aquilo de que me apercebi.
Afinal, de tudo quanto foi
dito, pouco ou nada foi além do que relaciona com o equilíbrio financeiro que
Portugal terá de alcançar o mais depressa possível para que possa voltar às
políticas de crescimento social. É uma tarefa com custos, por vezes muito
pesados, para a qual não há alternativa, à qual ninguém se poderá furtar porque
não há, ninguém descobriu ainda, como reduzir uma dívida sem, antes, anular o
défice.
Como tanta gente, sinto na
pele a dureza de medidas que foram tomadas e que bem preferiria que o não tivessem
sido. Mas nada posso argumentar que me ilibe do dever de fazer a minha parte do
esforço de que Portugal carece para voltar a ser livre, senhor de si, nem
encontro outro modo de fazer que não seja assim!
Entendi o discurso do
Primeiro Ministro e não me pareceu ver nele as explícitas as mentiras que
alguns lhe apontam, nem escondidas as verdades que também dizem que ele guarda
para melhor ocasião.
Não faço juízos de valor.
Tomo por bom ou por mau o que é dito, em função de razões e não de preconceitos
e comparo-o com o que a realidade me vier a mostrar para, depois, fazer o juízo
que determinará o que farei com a minha ínfima quota parte do poder que tantos
desejam. Irei votar na continuidade ou na alternância, irei votar ou anular o voto? Veremos!
É fácil criticar do modo
como o fazem os que tudo sabem mas nada fazem, quantas vezes sem dignidade e
sem respeito, brincando com coisas sérias e fazendo dos juízos de intenções os
argumentos únicos para maldizer. É este o retrato de uma Oposição onde não
encontro, infelizmente, aquilo que me faria desejar uma mudança que me desse
menos preocupações e mais esperança mas que, em vez disso, me faz recear
problemas sérios que podem lançar o país no caos.
Mas, como também disse
Passos Coelho, um ano e meio é ainda muito tempo para cada um mostrar o que
vale e, sobretudo, para os eleitores olharem com atenção e, eles também sem
preconceitos, para o que uns fazem e outros criticam, para que, a seu tempo,
possam tomar a decisão que, em seu juízo, seja a que mais lhe pode garantir um
futuro melhor. Mas que nunca será o regresso ao passado que uns prometem e
muitos anseiam.
Tenho pena de que os
problemas do presente não permitam olhar com clareza para além do futuro
próximo e que a cultura distorcida dos nossos políticos lhes não permita
entender a gravidade dos problemas que a Humanidade enfrenta e lhe apontam caminhos
diferentes destes que agora trilha.
Mas são os políticos que
temos. Aqui e lá fora!
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