ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

A ENTREVISTA

Ouvi a entrevista que Passos Coelho concedeu a José Gomes Ferreira e, do modo como me pareceu correcto que fizesse, confrontei o que ele disse com a noção que tenho da realidade e não me pareceu descabido aquilo de que me apercebi.
Afinal, de tudo quanto foi dito, pouco ou nada foi além do que relaciona com o equilíbrio financeiro que Portugal terá de alcançar o mais depressa possível para que possa voltar às políticas de crescimento social. É uma tarefa com custos, por vezes muito pesados, para a qual não há alternativa, à qual ninguém se poderá furtar porque não há, ninguém descobriu ainda, como reduzir uma dívida sem, antes, anular o défice.
Como tanta gente, sinto na pele a dureza de medidas que foram tomadas e que bem preferiria que o não tivessem sido. Mas nada posso argumentar que me ilibe do dever de fazer a minha parte do esforço de que Portugal carece para voltar a ser livre, senhor de si, nem encontro outro modo de fazer que não seja assim!
Entendi o discurso do Primeiro Ministro e não me pareceu ver nele as explícitas as mentiras que alguns lhe apontam, nem escondidas as verdades que também dizem que ele guarda para melhor ocasião.
Não faço juízos de valor. Tomo por bom ou por mau o que é dito, em função de razões e não de preconceitos e comparo-o com o que a realidade me vier a mostrar para, depois, fazer o juízo que determinará o que farei com a minha ínfima quota parte do poder que tantos desejam. Irei votar na continuidade ou na alternância, irei votar ou anular o voto? Veremos!
É fácil criticar do modo como o fazem os que tudo sabem mas nada fazem, quantas vezes sem dignidade e sem respeito, brincando com coisas sérias e fazendo dos juízos de intenções os argumentos únicos para maldizer. É este o retrato de uma Oposição onde não encontro, infelizmente, aquilo que me faria desejar uma mudança que me desse menos preocupações e mais esperança mas que, em vez disso, me faz recear problemas sérios que podem lançar o país no caos.
Mas, como também disse Passos Coelho, um ano e meio é ainda muito tempo para cada um mostrar o que vale e, sobretudo, para os eleitores olharem com atenção e, eles também sem preconceitos, para o que uns fazem e outros criticam, para que, a seu tempo, possam tomar a decisão que, em seu juízo, seja a que mais lhe pode garantir um futuro melhor. Mas que nunca será o regresso ao passado que uns prometem e muitos anseiam.
Tenho pena de que os problemas do presente não permitam olhar com clareza para além do futuro próximo e que a cultura distorcida dos nossos políticos lhes não permita entender a gravidade dos problemas que a Humanidade enfrenta e lhe apontam caminhos diferentes destes que agora trilha.
Mas são os políticos que temos. Aqui e lá fora!


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