Ainda não tinha lido o
“vómito” das terças-feiras de Soares quando escrevi o meu “um canto triste por
Abril”, e nele afirmei que “… a
discussão responsável do futuro foi calada pelo barulho estridente do
revivalismo de lutas às quais outras bem mais duras e oportunas agora fazem perder o
sentido”. Não imaginava, por isso, quanto Soares me daria razão nas
baboseiras que escreveu.
Mais uma vez, na sua
crónica, Soares dá mostras de um entendimento obtuso da democracia que tanto
diz defender. Tal como Vasco Lourenço quando afirmou que “este governo é
legítimo, mas democracia não é isto…”, Soares entende ser boa prática
democrática atentar contra um governo legitimamente eleito e constituído
segundo as regras democráticas que ele ajudou a instituir em Portugal! E parece que certos "militares" também.
Sem outras razões para
além das dores que causam ao povo os equívocos do socialismo que apregoa, mas
de cujas dádivas não prescinde no salário e em outras
regalias que o Estado lhe concede, Soares diz do Governo que “é fatal que seja demitido, a bem ou mal,
como dizem os militares. O Governo não tem capacidade de o fazer por si
próprio. Já se viu que não tem sensibilidade para isso. O que é inaceitável”.
Mas se não vejo, porque
ninguém o esclarece, o que o socialismo fará para além do que lhe consente a
sua ignorância da realidade em que vivemos, se Soares, tal como Seguro e seus
pares nada mais prometem do que o impossível regresso ao passado, sem soluções
compatíveis com os problemas da actualidade com que todo o mundo se vê confrontado,
como posso levar a sério a democracia dos que apregoam a “felicidade” que, dizem, que vão devolver ao povo?
Para além de tudo isto e
para além das bacoradas em que vomita disparates e insultos como quando, sem
qualquer assomo de ética que qualquer ex-Presidente da República deveria ter,
se refere às banalidades inúteis” que, afirma, o seu sucessor Cavaco Silva diz,
o relato que faz do “colapso” que teve ao ser “abraçado por tanta gente e
beijado por tantas senhoras”, faz-me lembrar aquela manifestação que, num
estádio de futebol, levou Marcelo Catano a julgar-se amado pelo povo que, pouco
tempo depois, o corria e lhe chamava fascista!
Em tudo o que tem escrito,
Soares jamais invocou outras razões para além do “porque sim” ou do que o
“povo” por si e seus correligionários instigado possa gritar em momentos de exaltação, numa prosápia de
autoridade democrática que deveria refrear. Porque não é assim que se constrói
o futuro. Não é lutando de um modo labrego contra quem governa, mas
apresentando razões esclarecidas e colaborando para melhorar a forma de
governar que se defende o povo em tempo de emergência como o que vivemos e se
lhe garante um futuro melhor.
Pelo contrário, é assim
que pode lançar-se o país no caos em que o povo se queimará enquanto muitos que
o dizem defender, então nem por aqui ficarão para o consolar na sua desgraça.
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