ACORDO ORTOGRÁFICO

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segunda-feira, 14 de abril de 2014

O GOVERNO, A OPOSIÇÃO E O FUTURO

Estarei sempre pouco confiante num futuro decidido apenas por razões políticas, as quais, por sua vez, se baseiam em razões “económicas” que dependem de relações de forças que se sobrepõem às que, de facto, deveriam ser as de considerar no planeamento que cada vez mais é necessário quando os problemas se acumulam e a escassez é uma realidade que se agrava.
Num país desorientado, desorganizado e falido como era Portugal aquando do acordo de resgate a que se viu obrigado, não poderia ser apenas o equilíbrio financeiro o propósito de uma recuperação que, só por ele, nunca ficaria perfeita ou, porventura até, nem seria possível de garantir.
O esclarecimento do modelo de futuro a preparar, tendo em conta as ambições, as circunstâncias e os recursos para tal disponíveis, bem como a reorganização indispensável à optimização do aproveitamento dos recursos e à minimização de gastos, é a atitude indispensável ao equilíbrio financeiro que se pretende alcançar.
Por tudo isto me tem parecido pouco cuidado o caminho definido, no qual as questões financeiras foram, por demasiado tempo prioritárias e quase únicas, enquanto as reformas estruturais se atrasaram e vão sendo feitas de modo avulso, casuístico, sem a visão global que as integraria na verdadeira reestruturação do país.
Faz-se a reestruturação na Justiça, na Saúde, na Educação e em outros domínios, sem a matriz comum que seria o modelo de desenvolvimento previamente definido para todo o país, o modelo de aproveitamento e de estruturação de um território profundamente desequilibrado e, em grande medida, desaproveitado ou com aproveitamento deficiente.
Talvez por isso, as reformas são tão contestadas porque, de facto, parecem fatos talhados para corpos diferentes quando o deveriam ser apenas para um, o do país que somos.
Sem um modelo de futuro bem definido, sem a integração, numa reforma global, de todas as reformas sectoriais que se façam tendo-o como referência, não haverá garantias de um futuro bem sucedido e sustentado.
Mas se o Governo cometeu erros crassos nestes aspectos essenciais, a Oposição demonstrou o duplo equívoco de julgar possível o regresso ao modelo económico que nos levou às portas da bancarrota da qual apenas um resgate nos salvou e de, ao mesmo tempo, nunca levantar as questões essenciais para a construção do futuro e, deste modo, atenuar os erros que foram cometidos!

Ou será que a Oposição apenas existe para contestar e, desse modo, tentar recuperar o Poder?


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