ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 3 de abril de 2014

O FUTURO ENTUPIDO

Para além das alarmantes conclusões do relatório divulgado, ontem, pelo Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas que afirma serem já irreversíveis os efeitos da aceleração do aquecimento global provocado pelos excessos da actividade económica humana, são preocupantes as conclusões sobre a demografia no chamado mundo desenvolvido onde o envelhecimento rápido da população resulta do acréscimo da esperança de vida mas, sobretudo, da redução dos nascimentos, uma consequência, também, das características do tipo de “economia” que obriga a um sobre-esforço que não deixa tempo para mais nada nem disponibilidade mental para as manifestações afectivas que a família requer.
Retardam-se e reduzem-se os nascimentos, assim como se transfere para outros, para infantários, para colégios, os cuidados de educação, o que origina uma nova população padronizada e cada vez menos portadora dos princípios sociais que caracterizam uma sociedade saudável.
Em Portugal, uma população em declínio porque já se não repõe e em processo acelerado de envelhecimento porque o número de idosos é já superior ao de jovens, numa diferença que se acentuará com o passar do tempo e à medida que decrescem os nascimentos que já não atingem os 100.000 por ano, tem como consequência imediata o decréscimo da população produtiva, aquela de que depende a estabilidade do reclamado Estado Social cuja estabilidade está cada vez mais em causa.
O ponto de ruptura parece atingido em várias frentes das preocupações dos que, desde há muito, chamam a atenção para o que poderia acontecer se continuássemos na azáfama desenfreada de fazer crescer a economia a qualquer custo, social ou ambiental.
Se, por um lado, o futuro da sociedade está comprometido na sua estrutura em que uma “árvore etária” parece querer tomar a vez da tradicional “pirâmide etária”, as agressões ambientais colocam-nos, por outro lado, problemas já difíceis de controlar e que, segundo os autores do alarmante relatório ontem divulgado afectarão a segurança alimentar, os problemas de saúde, farão aumentar a fome no mundo, o número de pobres e de desalojados pela submersão de enormes áreas de território, além de outras que incluem a possibilidade da ocorrência de conflitos violentos.
Se tudo isto são consequências, excessivamente preocupantes, do estilo de vida que a Humanidade adoptou, nas quais e a não muito longo prazo poderemos começar a pensar incluir a sobrevivência da própria Humanidade, a única solução só poderá ser mudar o rumo neste caminho para o futuro, procurando vias por onde se possa fazer fluir a vida de um modo mais compatível com as leis naturais que, agora, não respeitamos.


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