Andam de candeias às
avessas os que a “democracia de Abril” fez representantes do povo e os que dela
se julgam eternos donos.
Mas, pessoas e
instituições sempre acabam por atingir a maioridade que os torna independentes
das suas origens, com personalidade e vida próprias, como resulta da lei da
vida. E mais não resta aos progenitores do que aceitá-la. E se aos quarenta
anos a maturidade para andar e decidir por si se não tiver, ainda, revelado, é tempo para
reflectir sobre qual será a razão desta anomalia e a melhor solução para a corrigir.
Como se tornou tradição, a
Assembleia da República comemora o 25 de Abril com uma sessão solene para a qual,
com naturalidade, os chamados “capitães de Abril” são especialmente convidados.
Mas desde há algum tempo que as coisas não correm bem e a exigência de poder falar
para estar presente, parece ser a gota que faz transbordar o copo da
conflitualidade que, estou certo, apenas põe em causa e desacredita a própria
democracia cujo respeito não deve, em caso algum, depender de quaisquer contrapartidas.
Além disso, não me
pareceria adequado que, numa altura como a que vivemos e, até, em período
pré-eleitoral, se fizessem ouvir, no hemiciclo de S Bento, outras vozes para
além das que o povo escolheu para ali serem ouvidas.
Lamento este clima de
conflito que se instalou e, com graves consequências, tira força à vontade, que
devia ser enorme, de um país que dela necessita muito mais do que de birras
para alcançar um futuro melhor. Por isso aponto o dedo aos promotores das
desavenças, aos alimentadores de fogueiras em que todos nos podemos queimar e
podem fazer murchar os cravos em que depositámos a esperança de uma liberdade
feliz.
A oportunidade tem-me
trazido à ideia uma quadra que alguém um dia escreveu quanto ao modo de usar o
cravo, se na lapela se no pé, dependendo, por certo, do mérito de quem o usa.
Mas não consigo
transcrevê-la com exactidão e, por isso, não vou correr o risco de estropiar qualquer
coisa que outro criou.
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