Não sou filiado em
qualquer partido político, pelo que não usufruo de quaisquer privilégios que
tal facto me possa proporcionar.
Sou crítico desta
Constituição que considero excessivamente desaptada à realidade presente
que, ao contrário dela, poucos direitos materiais nos pode conferir.
Não reconheço os méritos
de uma democracia que não evoluiu com o tempo e cuja afirmação maior está nas
alternâncias de poder que promove, o que lhe impede a visão de futuro que a
governação cada vez mais deve ter, sobretudo quando se tornou evidente terem
sido a sua profunda miopia e o aproveitamento cíclico das vantagens que o poder
conquistado trás em prejuízo da dedicação à causa comum, a origem dos maiores
erros que cometeu e geraram a situação preocupante em que o mundo se encontra.
Causa-me espanto a
profunda ignorância que os políticos revelam do Planeta em que vivemos e, por
ela, insistem nos disparates que não conseguem evitar por absoluta falta de
perspectiva de futuro.
Preocupam-me os problemas
desta economia que a globalização agravou, mas ainda mais a cegueira que tolda
a visão dos que já deveriam ter dado conta da impossibilidade de prosseguir a
via de desperdício de recursos escassos a que o seu constante crescimento
obriga, descaracterizou a sociedade e a família por hábitos, procedimentos e
modos de vida que introduziu e provocou profundas alterações no Ambiente e na
estrutura demográfica que se vão tornando impróprios para esta
Humanidade que corre o risco de, assim, apressar o seu caminho para a extinção
que, um dia, fatalmente, acontecerá.
Acho insustentáveis as
desigualdades cada vez mais cavadas entre o mundo “evoluído” e o Terceiro
Mundo, das quais resultam os dramas dos quais diariamente nos dão conta as
notícias dos acidentes sofridos pelos que, desesperados, tentam fugir do
inferno em que nasceram.
Revoltam-me os atropelos
aos direitos humanos em comunidades populosas e economicamente frágeis onde a
escravatura impõe, a tanta gente, as dores terríveis de que o mundo “civilizado”
se aproveita para ter, a baixo preço, o que o seu elevado nível de vida tornou impróprio
de si fazer.
Não sei até quando, mas
penso que não poderá continuar por muito tempo, o conforto excessivo de uns será
o desconforto excessivo e aviltante de outros e coro de vergonha quando leio na
Constituição do meu país e de outros que, com ele, supostamente constituem o
mundo civilizado e evoluído, direitos e regalias que esses desgraçados nem
imaginam o que sejam.
Considero hipocrisia sem
limites as normas de qualidade minuciosas, sejam da água, dos alimentos, dos
serviços prestados ou sejam do que for, quando no mundo vivem milhares de
milhões de seres humanos que não dispõem nem do mínimo de que o simples
sobreviver necessita e os deixamos beber água fétida e comer alimentos
pútridos, quando os tenham, em vez de para com eles termos a solidariedade que
o envio de uns sacos de arroz ou de farinha não é, de todo.
Poderia continuar quase
indefinidamente com esta ladainha que a estupidez, a hipocrisia e o egoísmo que
vejo à minha volta e se excedem em tempos de disputa de poder me inspira e, estarei
infelizmente certo, será a ruína da vida e dos valores que julgávamos ser
nossos por direito mas que, afinal, teriam de ser conquistados. Sou, por isso, um “desaptado”
nesta sociedade de “políticos” egoístas, incultos, ignorantes e hipócritas que,
não tarda, mais uma vez tentarão que lhes dê o meu voto para que, depois, possam
fazer o que lhes der na real gana, sem se lembrarem mais de mim.
Uns mais do que outros, obviamente.
Uns mais do que outros, obviamente.
Sem comentários:
Enviar um comentário