ACORDO ORTOGRÁFICO

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quarta-feira, 30 de abril de 2014

O ÚLTIMO DE ABRIL

Passou Abril, um mês que deveria ter sido de profunda reflexão sobre quarenta anos de uma democracia mal sucedida, findos os quais o país sofre as agruras de um baixo nível de vida a que gastos excessivos, resultantes do mau entendimento da realidade por sucessivas governações, deu lugar. Em vez disso, Abril não passou de uma longa campanha em prol da demissão do governo, tendo como argumento o “empobrecimento” que a sua política de recuperação do equilíbrio financeiro, desfeito pela imprudência gastadora de anteriores governações, inevitavelmente teria de causar.
Passou um mês que deveria ter sido de reflexão serena e produtiva mas que não passou, infelizmente, de um repositório da leviandade sucessiva com que os problemas do país têm sido encarados, das soluções impróprias que têm sido adoptadas e da atitude passiva e incompetente dos nossos políticos perante os graves problemas económicos, financeiros, sociais  e etários que nos afectam e que, a continuar assim, muito mais ainda nos afectarão.  
Diria que, com queixas e muita algazarra, se tentou fazer disfarçar o insucesso de uma “democracia” que cometeu o erro de querer dar o passo maior do que a perna, acreditando em facilidades que a administração de um país não consente ou até, talvez, os equívocos de uma “revolução” que teve mais em mente a fruição de vantagens do que realização do trabalho duro a que a construção de um país novo daria lugar.
Foi, para mim, deprimente o aproveitamento do falhanço evidente de um acontecimento que deveria ter dado lugar a um modo diferente de viver na liberdade, na cooperação e na harmonia que o anterior regime não consentia.
Foi, sem dúvida, a oportunidade perdida para esclarecer as razões de tudo quanto aconteceu, para encontrar explicações para o insucesso e evitar a repetição dos erros cometidos.

Foi com o espírito vanguardista de sempre que foi vivido este Abril que, definitivamente, necessita mais de entendimento do que do voluntarismo que, monotonamente, o tem inspirado. 


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