ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 10 de abril de 2014

ANTIGAMENTE OS BEBÉS VINHAM DE PARIS NOS BICOS DAS CEGONHAS…

… Tal como, na fuga dos judeus do Egipto, o maná que os alimentava caía do céu enquanto andavam perdidos no deserto, também há quem pense que os meios financeiros que alimentam as “conquistas” e outros dos direitos que a Constituição consagra vêm de um “nada” que pode substituir a contribuição de todos nós.
Falam de austeridade como se promovê-la alguma vez pudesse ser o propósito de quem governa e deseja continuar a governar ou, mesmo até, dos que vivem dos gastos que ela, afinal, não consente. A austeridade não pode ser, pois, um fim em si mesmo porque, afinal, não aproveita a ninguém. Em vez disso é o resultado de desatinos cometidos sem pensar nas consequências ou talvez julgando que é nos gastos desmedidos que encontram a solução dos problemas que, com eles, vão criando. Esta foi a "espiral de estupidez" que nos tramou e poderá voltar a fazê-lo!
Parece que os factos desmentem os que tomam a austeridade como um propósito sádico em vez da inevitabilidade a que os desmandos obrigaram. Este é o juízo mais lógico. Mas gostaria de poder pensar como eles porque, tal como eles também, reclamaria das contribuições que pago e do que, para além disso, me levam, agora que a minha idade é a razão que me impede de procurar outros rendimentos para além de uma reforma que o que para ela descontei justifica, mas cuja capacidade de aquisição decresce a cada dia que passa, porque tal me poderia trazer a esperança de uma solução daquelas que, dizem, a democracia sempre tem, mas desta vez não encontra.
Mas, em vez disso, sei que quando os problemas acontecem se não resolvem com ideais mas com ideias que permitam superá-los com iniciativas e trabalho, já que as choradeiras, as jornadas de luta, os poemas de protesto e outras manifestações de desespero nada mais fazem do que piorar as coisas.
Aconteceu, seja a culpa de quem for! Que mais posso fazer do que participar no esforço da recuperação? Adiantaria de alguma coisas dizer que “eu não tive a culpa”?
Diz o tão cantado Manuel Alegre que o mal está aí outra vez, não como ditadura e guerra colonial, mas sob a forma do pesadelo da austeridade. E da antologia que publica afirma que  "é por um lado uma celebração dos 40 anos do 25 de Abril, por outro, um alerta ou até talvez um ato de resistência".
Resistência a que? Resistência que deveria ter sido aos disparates que até aqui nos conduziram ou ao esforço, para alguns tão grande, para os corrigir?
Nunca vi resolver nada com cantigas. Mas é isso que eu temo, que seja com cantigas de embalar que nos adormeçam para não vermos a tragédia em que podemos enterrar-nos.

Portugal precisa de gente de fibra que reaja e supere e não de cantigas de embalar.


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