ACORDO ORTOGRÁFICO

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segunda-feira, 7 de abril de 2014

NA PRIMEIRA QUALQUER CAI, NA SEGUNDA CAI QUEM QUER, MAS NA TERCEIRA…

Aproxima-se a saída da Troika de Portugal, o que, para muita gente, significa o acabar da nossa dependência financeira e, com isso, o abrandamento ou mesmo o fim da austeridade a que o acordo de resgate solicitado pelo governo socialista de José Sócrates obrigou.
Têm sido tempos difíceis os que, desde então, temos vivido e desastrosas as consequências das medidas excepcionais e intempestivas que tivemos de adoptar, primeiro para conter a queda no abismo e, depois, para equilibrar as arruinadas finanças públicas. Não haveria, porém, outro modo de fazer muito diverso do que foi adoptado para evitar a bancarrota que estava iminente e teria consequências muitíssimo mais graves do que as que temos sentido. Mesmo assim, alguns falam de “roubos” ou de “pactos de agressão” como se a austeridade fosse uma farsa maquiavélica do Governo e não a consequência, inevitável, de viver num mundo que, boas ou más, tem regras às quais a nossa pequena dimensão económica não nos permite, de todo, fugir. Não há, por isso, soluções que possamos adoptar sozinhos, soluções que não estejam em concordância com o meio mais global a que pertencemos.
Admito que muita gente não entenda o que, de facto, se passou e se passa, sentindo, apenas, as dores da austeridade que lhe foi imposta e das quais necessita, urgentemente, de se livrar. É natural que seja assim e, por isso, soam-lhe bem as críticas ao Governo que teve por missão corrigir os desmandos de anteriores e danosas governações, não lhes sendo difícil acreditar em promessas de acabar com os “cortes” e com outras medidas de contenção a que a nossa situação financeira obrigou.
O que não posso admitir é que os políticos, sejam governantes, deputados, sindicalistas ou outra coisa qualquer, não estejam perfeitamente cientes da situação do país e dos cuidados de que carece para se não afundar de novo e que, apenas pelo desejo de conquistar o poder, se permitam prometer o que sabem não poder fazer ou reclamar o que não pode ser concedido.
Não falando dos sindicalistas para quem todos os cortes são meros roubos, tenho reparado nas propostas de Seguro, o homem que, pelas perspectivas que cria, será, muito provavelmente, o Primeiro-Ministro de Portugal após as próximas eleições legislativas. Reparando bem em todas elas, nunca é na iniciativa do país, do seu governo ou dos portugueses, mas naquilo que outros possam fazer que se apoia a solução dos problemas. Por isso, “se” é a condicionante de todas as propostas que faz porque se baseiam na “disponibilidade” de outros para conceder as condições que permitam concretizá-las.
Se a União Europeia fizer “isto” ou os credores permitirem “aquilo”, Portugal poderá regressar aos tempos de abundância que viveu enquanto gastou demais, o que, por certo, faria as delícias de tanta gente que, muito rapidamente, se dará conta do logro em que caiu ao permitir o regresso aos desvarios que, por mais de uma vez já, nos obrigaram a estender a mão.
O pior é que já nem os outros conseguem escapar aos procedimentos austeros que a situação da economia global impõe...
Foi esta a terceira vez que, nos últimos quarenta anos, pedimos ajuda. De outras vezes metemos o socialismo na gaveta. Será que, desta vez, meteremos lá a inteligência e nos entregamos, de novo, à farra que nos vai perder?

É costume dizer que na primeira qualquer cai e na segunda cai quem quer. Mas, na terceira, só cai quem for burro!


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