Aproxima-se a saída da
Troika de Portugal, o que, para muita gente, significa o acabar da nossa dependência
financeira e, com isso, o abrandamento ou mesmo o fim da austeridade a que o
acordo de resgate solicitado pelo governo socialista de José Sócrates obrigou.
Têm sido tempos difíceis
os que, desde então, temos vivido e desastrosas as consequências das medidas excepcionais
e intempestivas que tivemos de adoptar, primeiro para conter a queda no abismo
e, depois, para equilibrar as arruinadas finanças públicas. Não haveria, porém,
outro modo de fazer muito diverso do que foi adoptado para evitar a bancarrota
que estava iminente e teria consequências muitíssimo mais graves do que as que
temos sentido. Mesmo assim, alguns falam de “roubos” ou de “pactos de agressão”
como se a austeridade fosse uma farsa maquiavélica do Governo e não a
consequência, inevitável, de viver num mundo que, boas ou más, tem regras às
quais a nossa pequena dimensão económica não nos permite, de todo, fugir. Não
há, por isso, soluções que possamos adoptar sozinhos, soluções que não estejam
em concordância com o meio mais global a que pertencemos.
Admito que muita gente não
entenda o que, de facto, se passou e se passa, sentindo, apenas, as dores da
austeridade que lhe foi imposta e das quais necessita, urgentemente, de se
livrar. É natural que seja assim e, por isso, soam-lhe bem as críticas ao
Governo que teve por missão corrigir os desmandos de anteriores e danosas
governações, não lhes sendo difícil acreditar em promessas de acabar com os “cortes”
e com outras medidas de contenção a que a nossa situação financeira obrigou.
O que não posso admitir é
que os políticos, sejam governantes, deputados, sindicalistas ou outra coisa
qualquer, não estejam perfeitamente cientes da situação do país e dos cuidados
de que carece para se não afundar de novo e que, apenas pelo desejo de
conquistar o poder, se permitam prometer o que sabem não poder fazer ou
reclamar o que não pode ser concedido.
Não falando dos
sindicalistas para quem todos os cortes são meros roubos, tenho reparado nas
propostas de Seguro, o homem que, pelas perspectivas que cria, será, muito
provavelmente, o Primeiro-Ministro de Portugal após as próximas eleições
legislativas. Reparando bem em todas elas, nunca é na iniciativa do país, do
seu governo ou dos portugueses, mas naquilo que outros possam fazer que se
apoia a solução dos problemas. Por isso, “se” é a condicionante de todas as propostas
que faz porque se baseiam na “disponibilidade” de outros para conceder as
condições que permitam concretizá-las.
Se a União Europeia fizer “isto”
ou os credores permitirem “aquilo”, Portugal poderá regressar aos tempos de
abundância que viveu enquanto gastou demais, o que, por certo, faria as
delícias de tanta gente que, muito rapidamente, se dará conta do logro em que
caiu ao permitir o regresso aos desvarios que, por mais de uma vez já, nos
obrigaram a estender a mão.
O pior é que já nem os outros conseguem escapar aos procedimentos austeros que a situação da economia global impõe...
O pior é que já nem os outros conseguem escapar aos procedimentos austeros que a situação da economia global impõe...
Foi esta a terceira vez
que, nos últimos quarenta anos, pedimos ajuda. De outras vezes metemos o
socialismo na gaveta. Será que, desta vez, meteremos lá a inteligência e nos entregamos,
de novo, à farra que nos vai perder?
É costume dizer que na
primeira qualquer cai e na segunda cai quem quer. Mas, na terceira, só cai quem
for burro!
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