Às afirmações do FMI de
que Portugal teria de prosseguir e, até, ir mais além em medidas de austeridade
para que a economia portuguesa se torne, a longo prazo, sustentável e bem
sucedida, respondeu a Frente Comum dos Sindicatos da Função Pública com a
garantia de grandes momentos de contestação no 25 de Abril e no 1.º de Maio.
Nesses
“momentos”, é objectivo da Federação contestar a política de destruição de
direitos e dos serviços públicos, bem como exigir a demissão do Governo e eleições
antecipadas.
Antes
havia lido uma notícia que dava conta de declarações de alguns “Capitães de
Abril”, entre os quais Garcia dos Santos, um amigo dos tempos do Técnico cujas
capacidades de inteligência sempre apreciei, que considera que os
políticos que actualmente governam Portugal são "uns garotos, ignorantes,
sem experiência", e que serão precisas três gerações para se chegar a uma
classe política competente.
Estou
certo de que se não referia apenas aos que fazem parte do Governo, mas a esta
geração de políticos sem a cultura política que um regime autoritário e paternalista não
consentiu que se desenvolvesse.
Sem
comentários a estas afirmações que guardarei para outra oportunidade, mas
avançando com o meu total acordo quanto à parte final da sua afirmação (se as
condições de degradação ainda o permitirem), eu pergunto-me de que valerá mudar
de governo! Serão, os que vierem, menos “garotos”, mais sabedores e mais
experientes do que os que, já lá estando, pelo menos alguma experiência
ganharam? Penso que não, mesmo pela ideia que têm deixado de uma total ausência
de ideias para além da de um regresso a um passado irresponsável e impossível
porque a realidade o faz, definitivamente, passado.
Depois
do 25 de Abril, a Função Pública que o anterior regime mantinha controlada na
quantidade e na remuneração dos seus funcionários, como que fazendo disso o
compasso que marcava o ritmo de toda a sociedade, tornou-se o lugar fácil para
“abrigar” rapidamente muita gente, com especial relevo para os “boys” da
revolução (também já os havia então) e, bem depressa, se encheu de gente bem
remunerada, numa reviravolta total da relação nas remunerações dos sectores
público e privado que passou a favorecer os que, antes, eram menos remunerados.
E
todos sabemos como o número de funcionários públicos cresceu e como cresceram,
também, as remunerações e as regalias que “conquistas” e mais “conquistas” lhes
proporcionaram, enquanto no sector privado eram o esforço e o mérito que continuavam a ser os
caminhos únicos para progredir um pouco.
Hoje,
mesmo depois dos cortes já sofridos, o nível salarial médio na função pública é,
ainda, francamente superior ao do sector privado, tal como as suas pensões
continuam a ser mais generosas também.
Conto-me no número dos que contribuem, por vezes até demais, para o esforço de
recuperação nacional que a tentativa de reposição das “conquistas” pode,
definitivamente, arruinar.
Sinto
na pele os sacrifícios que são necessários de fazer para suprir os cortes
sofridos. Mas, apesar disso, prefiro o menos que recebo de uma Segurança Social
equilibrada ao nada que receberei se voltarmos a cair nos disparates já
cometidos.
Será
isto que a Federação dos Sindicatos da Função Pública pretende?
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