ACORDO ORTOGRÁFICO

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terça-feira, 22 de abril de 2014

A QUADRATURA DO CÍRCULO

Às afirmações do FMI de que Portugal teria de prosseguir e, até, ir mais além em medidas de austeridade para que a economia portuguesa se torne, a longo prazo, sustentável e bem sucedida, respondeu a Frente Comum dos Sindicatos da Função Pública com a garantia de grandes momentos de contestação no 25 de Abril e no 1.º de Maio.
Nesses “momentos”, é objectivo da Federação contestar a política de destruição de direitos e dos serviços públicos, bem como exigir a demissão do Governo e eleições antecipadas.
Antes havia lido uma notícia que dava conta de declarações de alguns “Capitães de Abril”, entre os quais Garcia dos Santos, um amigo dos tempos do Técnico cujas capacidades de inteligência sempre apreciei, que considera que os políticos que actualmente governam Portugal são "uns garotos, ignorantes, sem experiência", e que serão precisas três gerações para se chegar a uma classe política competente.
Estou certo de que se não referia apenas aos que fazem parte do Governo, mas a esta geração de políticos sem a cultura política que um regime autoritário e paternalista não consentiu que se desenvolvesse.
Sem comentários a estas afirmações que guardarei para outra oportunidade, mas avançando com o meu total acordo quanto à parte final da sua afirmação (se as condições de degradação ainda o permitirem), eu pergunto-me de que valerá mudar de governo! Serão, os que vierem, menos “garotos”, mais sabedores e mais experientes do que os que, já lá estando, pelo menos alguma experiência ganharam? Penso que não, mesmo pela ideia que têm deixado de uma total ausência de ideias para além da de um regresso a um passado irresponsável e impossível porque a realidade o faz, definitivamente, passado.
Depois do 25 de Abril, a Função Pública que o anterior regime mantinha controlada na quantidade e na remuneração dos seus funcionários, como que fazendo disso o compasso que marcava o ritmo de toda a sociedade, tornou-se o lugar fácil para “abrigar” rapidamente muita gente, com especial relevo para os “boys” da revolução (também já os havia então) e, bem depressa, se encheu de gente bem remunerada, numa reviravolta total da relação nas remunerações dos sectores público e privado que passou a favorecer os que, antes, eram menos remunerados.
E todos sabemos como o número de funcionários públicos cresceu e como cresceram, também, as remunerações e as regalias que “conquistas” e mais “conquistas” lhes proporcionaram, enquanto no sector privado eram o esforço e o mérito que continuavam a ser os caminhos únicos para progredir um pouco.
Hoje, mesmo depois dos cortes já sofridos, o nível salarial médio na função pública é, ainda, francamente superior ao do sector privado, tal como as suas pensões continuam a ser mais generosas também.
Conto-me no número dos que contribuem, por vezes até demais, para o esforço de recuperação nacional que a tentativa de reposição das “conquistas” pode, definitivamente, arruinar.
Sinto na pele os sacrifícios que são necessários de fazer para suprir os cortes sofridos. Mas, apesar disso, prefiro o menos que recebo de uma Segurança Social equilibrada ao nada que receberei se voltarmos a cair nos disparates já cometidos.

Será isto que a Federação dos Sindicatos da Função Pública pretende?


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