Quando os mais velhos,
aqueles a quem a vida proporcionou a experiência que aos mais novos falta ainda
e, por ela, seriam os conselheiros ideiais, os homens sábios deste país que ajudariam
a conduzir no sentido da razão e do bom senso, dizem as coisas absurdas que Soares
diz nas suas crónicas domingueiras, eu entendo melhor por que chegámos ao ponto
de termos vivido os horrores que vivemos, de termos feito os sacrifícios que fizemos
e, apesar disso, podermos vir a mergulhar ainda mais fundo na lama de que
estamos a querer sair.
Qual Pitonisa, desta vez Soares escreve
que não tem dúvidas de que este Executivo "cego e surdo" cairá
"dentro de, o mais tardar, um mês e pouco", e, aí, "a verdade
virá à tona da água".
Não tenho dons
divinatórios que me permitam dizer se Soares está certo ou errado nas suas
previsões de hecatombe política que nada, hoje, leva a prever. Mas as loucuras
acontecem e essa poderá ser mais uma de tantas que a cada dia se vêem.
Acontecerá, pois, o que tiver de acontecer neste país que não parece ainda
satisfeito com as provações por que passou, porventura convencido de que não
haverá pior por que passar. Mas há, infelizmente! E bem pior se regressarmos às
leviandades de outrora.
Passado este pormenor que
não discuto para me não intrometer em obscuros processos divinatórios que não
domino, a minha curiosidade concentra-se na “verdade que virá à tona de água”.
A que verdade se referirá
Soares? Àquela que se conta aos tontinhos que se julgam inteligentes porque já não
acreditam no pai natal e os deixa felizes? Aquela que, depois, não é porque
afinal…
Todos conhecemos a cena.
Mas muitos não se recordam dela!
Pois… devem ser as verdades
que se contam nas campanhas eleitorais em que o povo recebe o “beijo de Judas”
que o levará a mais um Calvário!
A verdade não será aquela
pela qual Soares espera nem a que Arménio, Jerónimo e outros esperam também,
porque a verdade dura é muito difícil de esconder e, por isso, sempre está à
vista dos que a querem ver e é aquela que as pessoas reconhecem neste
caminho pedregoso que as “pitonisas” nos obrigaram a percorrer, fiadas na magia
do que mágico não é, sem a visão de futuro que os governantes deveriam ter e,
pior do que isso, sem fazerem ideia do mundo que enfrentam e se torna diferente
a cada dia que passa, muito diferente daquele que fez crer ser verdade o que
deixou de o ser.
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