ACORDO ORTOGRÁFICO

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terça-feira, 15 de abril de 2014

FOI A ABASTANÇA DO PASSADO UMA MENTIRA?

Há muito tempo, algumas dezenas de anos já, que me inspira a afirmação, atribuída a Lord Rutherford, “se estamos sem dinheiro temos de pensar mais”. Não me recordo já onde encontrei tal citação e nem consegui, até agora, identificar claramente o Lord que tamanha verdade terá dito.
Era eu ainda estudante, um tempo em que, de um modo geral, o dinheiro escasseia, quando, algures, o li. Ficou-me na ideia e foram muitas as situações ao longo da minha vida em que me ajudou, porque não é apenas a falta de dinheiro que reclama mais reflexão.
Mas, se alguma vez, tal princípio que a minha experiência de vida sem qualquer dúvida confirmou, se tornou uma verdade incontestável e numa necessidade inadiável, é nesta altura da vida da Humanidade que insiste em métodos antigos, mas persistentemente ineficazes, para resolver uma “crise” que parece não ter fim. Tudo é pensado e feito na perspectiva de que a “economia” regresse ao crescimento que resolverá todos os problemas, mas não resulta. Nem poderia resultar tal como se não consegue fazer uma sopa sem água ou uma omeleta sem ovos, por duas ordens de razões: escasseiam cada vez mais os recursos naturais indispensáveis e, pelos excessos da actividade económica, degradam-se aceleradamente as condições de vida neste planeta. Esta é, pois, uma “economia” confinada num mundo de sonhos que a realidade não permite continuar a sonhar.
Para tudo isto fui alertado quando, muito cedo na vida, lia as reflexões de quem, já então, se preocupava com estes que viriam a ser os grandes problemas da Humanidade. Por isso lhes prestei atenção e reconheci quando chegou o momento em que tais preocupações se converteram na realidade dura que vivemos. Por isso afirmo desde há vários anos, como continuei a afirmar mesmo quando contrariado por sinais de recuperação que, afinal, o não eram, que estamos a viver o fim de um modo de viver, a assistir ao desastre de uma “economia” que se tornou num jogo em que se divertem os gurus que, no entanto, se alimentam do que produzem os que trabalham!
Felizmente, reparo que alguns economistas começam a dar-se conta do que a sua curta visão não alcançava. Começam a entender não ser possível o regresso a um passado de falsa abastança e que, como já diz Bagão Félix numa entrevista ao DN que “O tudo para todos já não existe. Ou melhor, nunca existiu… Defender o Estado Social significa, em primeiro lugar, criar os recursos necessários para a sua preservação e reformulação”.
Como ouvi já, também, admitir a possibilidade de estarmos a procurar soluções na perspectiva de a economia volte a crescer quando tal crescimento pode não ter condições para acontecer.
Passaram anos desde que, apesar de todas as evidências, se insiste no erro de querer prosseguir por um caminho impossível.
Mas é isto que fazem os políticos, tão preocupados estão com o poder que podem perder ou querem recuperar, que descuidam as suas funções de análise e de previsão com as quais deveriam preparar o futuro.


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