Há muito tempo, algumas
dezenas de anos já, que me inspira a afirmação, atribuída a Lord Rutherford, “se estamos sem dinheiro temos de pensar
mais”. Não me recordo já onde encontrei tal citação e nem consegui, até
agora, identificar claramente o Lord que tamanha verdade terá dito.
Era eu ainda estudante, um
tempo em que, de um modo geral, o dinheiro escasseia, quando, algures, o li.
Ficou-me na ideia e foram muitas as situações ao longo da minha vida em que me
ajudou, porque não é apenas a falta de dinheiro que reclama mais reflexão.
Mas, se alguma vez, tal
princípio que a minha experiência de vida sem qualquer dúvida confirmou, se
tornou uma verdade incontestável e numa necessidade inadiável, é nesta altura
da vida da Humanidade que insiste em métodos antigos, mas persistentemente
ineficazes, para resolver uma “crise” que parece não ter fim. Tudo é pensado e
feito na perspectiva de que a “economia” regresse ao crescimento que resolverá
todos os problemas, mas não resulta. Nem poderia resultar tal como se não
consegue fazer uma sopa sem água ou uma omeleta sem ovos, por duas ordens de
razões: escasseiam cada vez mais os recursos naturais indispensáveis e, pelos
excessos da actividade económica, degradam-se aceleradamente as condições de
vida neste planeta. Esta é, pois, uma “economia” confinada num mundo de sonhos
que a realidade não permite continuar a sonhar.
Para tudo isto fui
alertado quando, muito cedo na vida, lia as reflexões de quem, já então, se
preocupava com estes que viriam a ser os grandes problemas da Humanidade. Por
isso lhes prestei atenção e reconheci quando chegou o momento em que tais
preocupações se converteram na realidade dura que vivemos. Por isso afirmo
desde há vários anos, como continuei a afirmar mesmo quando contrariado por
sinais de recuperação que, afinal, o não eram, que estamos a viver o fim de
um modo de viver, a assistir ao desastre de uma “economia” que se tornou num
jogo em que se divertem os gurus que, no entanto, se alimentam do que produzem
os que trabalham!
Felizmente, reparo que
alguns economistas começam a dar-se conta do que a sua curta visão não
alcançava. Começam a entender não ser possível o regresso a um passado de falsa
abastança e que, como já diz Bagão Félix numa entrevista ao DN que “O tudo para todos já não existe. Ou melhor,
nunca existiu… Defender o Estado Social significa, em primeiro lugar, criar os
recursos necessários para a sua preservação e reformulação”.
Como ouvi já, também,
admitir a possibilidade de estarmos a procurar soluções na perspectiva de a
economia volte a crescer quando tal crescimento pode não ter condições para acontecer.
Passaram anos desde que,
apesar de todas as evidências, se insiste no erro de querer prosseguir por um
caminho impossível.
Mas é isto que fazem os
políticos, tão preocupados estão com o poder que podem perder ou querem
recuperar, que descuidam as suas funções de análise e de previsão com as quais
deveriam preparar o futuro.
Sem comentários:
Enviar um comentário