1. A
recusa do Banco de Portugal para informar o Governo sobre os salários que paga
aos seus funcionários e demais regalias que lhes conceda, parece-me
inqualificável. Sejam quais forem as razões invocadas, não será correcta esta
recusa que, aos cidadãos deste país castigado por dificuldades enormes, dá do
banco central como que a imagem de um oásis onde tudo pode acontecer ao arrepio
do todo nacional. Não pode o Banco de Portugal, entidade à qual não podem
deixar de ser assacadas culpas de falta de controlo pela qual muitos
o responsabilizaram em casos de grande gravidade para a economia nacional, por
exemplo o BPN, julgar-se à margem de medidas que devem ser cumpridas por todos.
2. Não
pode um ex-Presidente da República, no caso Mário Soares, servir-se de
expressões inapropriadas para atacar o que politicamente lhe não agrada, no
caso o Governo, considerando-o um bando de delinquentes que deverão ser
julgados, coisa que não considerou adequada para os erros praticados pelo
último governo do seu partido que originou as situações que tornaram
inevitáveis muitas das medidas deste governo que condena. Não deve um
ex-Presidente da República referir-se ao Presidente da República como alguém
que não sabe o que anda a fazer! Muito menos deverá fazer tudo isto sem um
discurso claro e profundamente explicativo das razões para o fazer, as quais
não podem ser as de um político ou politiqueiro qualquer porque devem ser as de
um ex-Presidente da República a quem o país paga salário e regalias diversas às
quais, por muitas das razões que invoca, deveria renunciar.
3. Fazer
uma manifestação sobre a Ponte 25 de Abril é coisa que não lembraria ao diabo!
Numa ponte sem condições de segurança para trânsito pedonal, exposta a
condições de dinâmica aérea que podem ser muito perigosas e com um tabuleiro bastante
elástico situado sessenta metros acima do nível do Tejo, os riscos são
demasiadamente elevados para que possa concordar com tal decisão. Mesmo
justificada, pelos seus promotores, por uma corrida que, antes, ali tenha acontecido,
continuo a não estar de acordo, não apenas porque são acontecimentos de
natureza muito distinta mas, sobretudo, porque não deve a invocação de um erro justificar
outro!
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