ACORDO ORTOGRÁFICO

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quarta-feira, 2 de outubro de 2013

OS IDOSOS E O FUTURO


Ontem foi o Dia Internacional do Idoso.
Mais um de tantos dias internacionais disto e daquilo que não sei muito bem para que servem. Deveriam servir para reflectir sobre o que evocam, mas raramente me dou conta de que seja assim, pelo menos na medida, com o cuidado e com a intenção com que o deveriam ser.
Passei o dia à espera de que alguém pudesse aparecer, num órgão do comunicação social qualquer, a dizer coisas que valesse a pena ouvir, mostrando que há quem pense nesta questão que o número cada vez mais elevado de idosos coloca à sociedade.
Ouvi pouco ou nada para além de uma extrapolação que antecipa que o número de idosos em Portugal, agora de dois milhões, será o dobro em meados deste século! E pronto, foi o que ficámos a saber.
Mas quem, para além dessa informação, se der ao cuidado de fazer umas contas, verificará que os idosos que são, por esta altura, 20% da população total do país, passarão, então, a ser 40%! No mínimo, mas porventura mais porque a tendência actual da nossa população é para decrescer. Quem sabe se, por isso, em meados deste século os idosos não atingirão um número muito próximo de metade da população total? Há pouco tempo não seriam mais de uns 10%!
E tal como acontece em Portugal, acontece o mesmo por todo esse mundo que se diz evoluído, mas me parece não se dar conta da evolução que acontece e, por isso, dos problemas que os futuro lhe colocará.
Esperaria eu ouvir, talvez, do Primeiro-Ministro de Portugal, do Líder da Oposição ou de outros “sábios” quaisquer de tantos que há por aí, o que pensam deste assunto, das alterações a que dá aso, das consequências que terá e, sobretudo, de como as políticas sociais e económicas se deverão adaptar a um fenómeno que parece ser irreversível.
Mas não ouvi nada. E, tal como em outras questões a que o passar do tempo e as inevitáveis mudanças que trás dão lugar, parece-me que os políticos nada conseguem ver para além dos problemas financeiros que enfrentam e não conseguem resolver, precisamente porque não pensam em termos de futuro, tal como as suas funções de administrar fariam supor que pensassem.
Estão atarefados a tentar resolver problemas que não preveniram no passado. Por isso não têm tempo para prevenir os que serão do futuro, mesmo do mais próximo.
Não pensar o futuro é como perder o norte na caminhada que fazemos, não saber por onde vamos, onde chegaremos e nem o que, aí, iremos encontrar. É por isso que não só não resolvem os problemas do presente como não previnem os gravíssimos problemas que o futuro trará.
O problema etário é mais um dos muitos e graves problemas que os políticos ignoram, dos muitos que os “marcelos” deste mundo não sabem que existem e, consequentemente, não sabem como abordar
E se, como diz o povo, “olhos que não vêem, coração que não sente”, nada pensam os políticos sobre as questões que o futuro nos colocará, para as quais, por isso, não procurarão as soluções adequadas.
Temos políticos para que se não conseguem evitar que o futuro nos surpreenda com problemas cuja solução não preparámos a tempo?
Mas serão os idosos uns inúteis que para mais não servem do que para dar uso aos bancos dos jardins ou jogar à sueca nos parques das cidades?

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