Estou, por vezes, tão enfadonhamente focado naquelas dissertações complicadas dos muitos comentadores que há por aí, que mal me apercebo de que eles são, afinal, simples prestidigitadores
intelectuais!
Comentam factos que
apresentam como mais convém à teoria que querem formular, são rapidíssimos nos argumentos que adiantam e nas conclusões a que chegam que, assim, ficam difíceis de apreender; não vão além de
razões primárias e correntes nas ideias e nos princípios que defendem e
perdem-se nos jogos de poder, nas críticas do que fez assim mas devia ter feito de outro modo, de
quem ganhou a quem, de quem não fez o que deveria ter feito, de quais são as ambições
a curto ou a mais longo prazo deste e daquele… Enfim, vão dizendo coisas que, se não dissessem, nos não fariam falta. Uns
mais moderados e calmos no modo como se exprimem, outros mais assertivos, outros
nem tanto e alguns, ainda, muito nervosos, mas todos, porém, num repisar mais
ou menos fantasiado que tem por objectivo merecer a nossa concordância nas
teorias que apresentam ou nos teoremas que pensam haver demonstrado.
Tornaram-se moda as conversas de café televisionadas, onde caras bem conhecidas parecem divertir-se com coisas sérias.
Tornaram-se moda as conversas de café televisionadas, onde caras bem conhecidas parecem divertir-se com coisas sérias.
E tudo acaba ou em
variações do mesmo tema, pobrezinho e desafinado, ou em sonantes chavões de
quem julga ter descoberto a pólvora, em “verdades” que já nem os mais
distraídos têm facilidade em engolir.
O descrédito desta
política é cada vez maior porque se enreda em discussões estéreis quando a
verdade é só uma, a de que não é mais possível continuar esta vida irreal que
as manobras financeiras fazem cada vez mais virtual.
Desde as trocas directas
de bens e da invenção da moeda com valor próprio que permitia comprar e vender,
por quantas tropelias passou a nossa vida até este ponto em que o dinheiro
pretende ser tudo e, afinal, não é nada quando é produzido nas quantidades
imensas que vão muito além da produção de bens que pode comprar.
Desde o “boom” da
construção que deu o sinal de partida para esta crise de excessos e passando
por outros nos mais diversos domínios, estaremos nós preparados para o
"boom“ da moeda que, um dia, acabará perdendo todo o seu valor?
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