ACORDO ORTOGRÁFICO

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terça-feira, 29 de outubro de 2013

UMA ESTRANHA CONFUSÃO ENTRE DIREITOS E PERMISSIVIDADE

Portugal é um país em muito sérias dificuldades para ultrapassar a difícil situação que vive porque, para além dos graves problemas financeiros que acumulou, tem hábitos de más práticas muito enraizados, dos quais resultam os factos e os indícios que o colocam tão mal na apreciação global da corrupção em todo o mundo!
Não vale a pena voltar a falar daqueles casos aos quais, entre nós, passámos com uma esponja ou tratámos de modo que não convenceram ninguém, mas que para o resto do mundo foram casos mal resolvidos, com verdades sonegadas e com prevaricadores óbvios desculpados.
Trata-se, agora, de mais um aspecto degradante e, uma vez mais, nos serviços de saúde que fraudes atrás de fraudes, roubos atrás de roubos, para além de uma utilização desregrada, fizeram um dos maiores buracos que, para alisar este caminho tortuoso que pisamos, temos de fechar com muito esforço.
Aos poucos vamos descobrindo como se fazia nos tão louvados Serviços de Saúde de que agora se acusa o Governo de querer desmantelar!
A Inspecção-Geral das Actividades em Saúde conclui, no seu relatório do ano 2011 que, de um total de 384 “Certificados de Incapacidade Temporária” analisados, passados pelos médicos entre 2009 e 2011, 30% foram “emitidos sem evidências de quaisquer registos clínicos de suporte, situação que se afigura deveras preocupante”, diz um relatório desta entidade agora publicado.
Escusado será referir aqui que tais práticas, presumivelmente, serão julgadas como fazendo parte dos direitos que a Constituição reconhece aos empregados. Por isso nunca contestadas.
Desnecessário será falar sobre os prejuízos avultados causados aos serviços, às empresas e a todos nós, através desta prática de "benfeitorias sociais".
O estudo foi feito sobre uma amostra que diz respeito apenas aos distritos de Aveiro, Braga, Leiria, Porto e Setúbal – por se consideraram representativos.
Somos um povo com características muito especiais. Nas toiradas não matamos os toiros, nas revoluções usamos cravos em vez de balas e nestas coisas de cumprir a lei, somos adeptos do princípio de que se a não cumprirmos uma vez por outra, daí não virá mal ao mundo!
Em contrapartida, porém, sentimo-nos roubados se, por razões que até se justificam, nos reduzem o número de feriados, aumentam o horário de trabalho semanal ou a idade da reforma! Um modo de avaliar as coisas pelo menos estranho.
Como poderemos nós, sem a noção do dever social, sem a disciplina que deve haver numa sociedade bem sucedida e defensores da permissividade que nos convém, conseguir ter a noção mínima do que esteja em causa e do que seremos obrigados a fazer para sair da cepa torta em que nos colocámos?
O que mais me admira em que tal aconteça a todos os níveis, como depreendo do que dizem, vezes demais, figuras bem conhecidas e nas quais tanta gente confia para fazer opinião, em vez de pensar para poder ter a sua própria!


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