Portugal é um país em
muito sérias dificuldades para ultrapassar a difícil situação que vive porque,
para além dos graves problemas financeiros que acumulou, tem hábitos de más práticas
muito enraizados, dos quais resultam os factos e os indícios que o colocam tão mal
na apreciação global da corrupção em todo o mundo!
Não vale a pena voltar a
falar daqueles casos aos quais, entre nós, passámos com uma esponja ou tratámos
de modo que não convenceram ninguém, mas que para o resto do mundo foram casos
mal resolvidos, com verdades sonegadas e com prevaricadores óbvios desculpados.
Trata-se, agora, de mais
um aspecto degradante e, uma vez mais, nos serviços de saúde que fraudes atrás
de fraudes, roubos atrás de roubos, para além de uma utilização desregrada,
fizeram um dos maiores buracos que, para alisar este caminho tortuoso que pisamos,
temos de fechar com muito esforço.
Aos poucos vamos
descobrindo como se fazia nos tão louvados Serviços de Saúde de que agora se
acusa o Governo de querer desmantelar!
A Inspecção-Geral das
Actividades em Saúde conclui, no seu relatório do ano 2011 que, de um total de
384 “Certificados de Incapacidade Temporária” analisados, passados pelos
médicos entre 2009 e 2011, 30% foram “emitidos
sem evidências de quaisquer registos clínicos de suporte, situação que se
afigura deveras preocupante”, diz um relatório desta entidade agora
publicado.
Escusado será referir aqui
que tais práticas, presumivelmente, serão julgadas como fazendo parte dos
direitos que a Constituição reconhece aos empregados. Por isso nunca
contestadas.
Desnecessário será falar
sobre os prejuízos avultados causados aos serviços, às empresas e a todos nós,
através desta prática de "benfeitorias sociais".
O estudo foi feito sobre
uma amostra que diz respeito apenas aos distritos de Aveiro, Braga, Leiria,
Porto e Setúbal – por se consideraram representativos.
Somos um povo com características
muito especiais. Nas toiradas não matamos os toiros, nas revoluções usamos
cravos em vez de balas e nestas coisas de cumprir a lei, somos adeptos do
princípio de que se a não cumprirmos uma vez por outra, daí não virá mal ao
mundo!
Em contrapartida, porém, sentimo-nos
roubados se, por razões que até se justificam, nos reduzem o número de
feriados, aumentam o horário de trabalho semanal ou a idade da reforma! Um modo
de avaliar as coisas pelo menos estranho.
Como poderemos nós, sem a noção
do dever social, sem a disciplina que deve haver numa sociedade bem sucedida e
defensores da permissividade que nos convém, conseguir ter a noção mínima do
que esteja em causa e do que seremos obrigados a fazer para sair da cepa torta
em que nos colocámos?
O que mais me admira em
que tal aconteça a todos os níveis, como depreendo do que dizem, vezes demais,
figuras bem conhecidas e nas quais tanta gente confia para fazer opinião, em
vez de pensar para poder ter a sua própria!
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