É bastante complicado,
para alguém a quem a “reforma” retirou o estatuto de ser reconhecidamente sabedor
nisto ou naquilo e se limita a ser, apenas, alguém que mantém a sua capacidade
de pensar, dizer grande coisa sobre o que se passa no seu país ou, até, no
mundo.
Eu bem tento encontrar qualquer
coisa a que me agarrar para que o raciocínio discorra, mas não me apercebo de
mais do que das tretas do costume, dos assuntos repescados em noticiários de há
três ou quatro dias, das propostas recorrentes do PS que têm por base o eterno
e insuperável “se”, das atitudes mais do que previsíveis e sem imaginação seja
no que for, mas sempre lamentáveis quando pequenas coisas acontecem e, pela
arte de quem se julga capaz de convencer papalvos, acaba por se transformar
numa perda de tempo em reuniões e em plenários que não valem o dinheiro que
todos pagamos aos deputados juntamente com aquelas iguarias que lhes servimos no
seu restaurante privativo onde, com elas, podem enfartar-se ao preço da uva
mijona que não seria assim tão má para enganar a fome de alguns dos que lhes
pagam! Se a tivessem!
Depois das eleições
autárquicas, de cujos resultados todos tiraram as “conclusões óbvias” que mais
lhes interessavam, até eu tentei um simulacro de análise que, se bem
interpretada, me diz que está na hora de os políticos tomarem juízo, tão grande
é o número daqueles que, para eles, se “estão nas tintas”!
Poderá uma classe política
sentir-se confortável quando, na melhor das hipóteses, é o vencedor relativo de
uma minoria? Haverá razões para encher a cara com um sorriso de felicidade,
encher o peito como se fosse fazer um longo mergulho em apneia ou abrir a boca
para cantar vitória? Penso que não há e penso, até, que deveriam reflectir
sobre o que se passa em vez de festejar, tentar entendê-lo, quem sabe se
conversando com alguém a quem estes jogos de poder não afectam o discernimento…
Que voltem as “revistas”
do Parque Mayer que tão bem sabiam fazer as caricaturas dos ridículos e pretensiosos
que julgam ser alguém, que nos faziam rir à gargalhada e seriam, talvez, a
forma mais eficaz de lhes mostrar as figuras tristes que fazem quando pensam
que os não topamos. Porque televisões e jornais, esses também se enredam na
mesma teia, se dividem pelas facções que se enfrentam e entram no jogo dos
mesmos interesses.
Sem comentários:
Enviar um comentário