É
meu juízo que continuam os políticos a cometer o tradicional erro
de se não actualizarem nos conhecimentos dos quais necessitariam
para governar, a não ser naqueles pormenores e procedimentos dos
quais retiram vantagens que, todos o sabemos, são próprias dos
ex-políticos e inacessíveis aos demais. Quantas vezes essas
vantagens, já de si iníquas pelas possibilidades únicas que
proporcionam, vão além da própria legalidade?
E
nem preciso falar de casos como o BPN e outros ainda sem desfecho
judicial, além de outros de grande sucesso económico pessoal, para
justificar o que digo.
Refiro-me
aos conhecimentos que a Ciência Política ignora porque a obrigaria
a repensar-se a si própria, a adequar-se à realidade que nunca
deveria perder de vista para gerir este mundo que a sua noção de
desenvolvimento torna cada vez menos próprio à dignidade que a
condição humana exige.
Tornaram-se
os políticos uma classe àparte, acantonada num céu onde, como o
povo diz as “vozes de burro não chegam...” Talvez por isso
tenham de usar uma linguagem em que o léxico comum não tem lugar, a
linguagem que inventou o “nim” e sempre faz crer que é, aquilo
que as mais claras evidências dizem não ser.
É
o que me lembra a notícia do lançamento de um livro de Sócrates, o
que depois de ser primeiro-ministro foi estudar política, onde afirma que se
considera “o chefe democrático que a direita sempre quis ter”.
Parece
tratar-se de um livro baseado na sua tese de mestrado na Faculdade de
Ciências Políticas de Paris que aproveita para tratar de diversos
outros assuntos também, como o caso Freeport que, pela certa, muitas
dúvidas deixou em todos nós e constituiu uma das razões pelas
quais Portugal se situa tão alto na lista, recentemente publicada,
dos países mais corruptos do mundo!
Diz
Sócrates, o homem cuja gestão do pais o lançou na mais profunda
crise de sempre, que “tenho algumas características que a direita
acha que são de direita. E não são!"
Não
sei quais serão essas, mas se de esquerda são as que lhe permitiram
deixar o Serviço Nacional de Saúde ao ponto de corrupção e de
endividamento dos quais, aos poucos, nos vamos apercebendo e elevar a
dívida pública até valores incomportáveis, além de outras coisas
que foram muito evidentes mas a Justiça não foi capaz de pegar, uma
vez mais terei de dar razão a Margareth Thatcher quando diz que “o
socialismo dura até o dinheiro dos outros acabar”.
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