Tal como muito boa gente, não vejo, como regime político, alternativas satisfatórias à democracia, apesar dos múltiplos defeitos que lhe encontro.
Por isso, não posso dizer
que a democracia, tal como está regulamentada, me satisfaça, porque mais me
parece uma sucessão de “pequenas ditaduras” que eleições periódicas legitimam
pelo princípio, jamais confirmado, de que a maioria tem, necessariamente,
razão.
A visão de curto prazo que
não consegue exceder é um dos seus maiores defeitos que apenas um melhor
entendimento dos valores maiores da sociedade e da realidade do Planeta que
habitamos nos permitirá minorar.
O passado mais recente da
democracia portuguesa é a prova provada disso mesmo!
Depois de uma série de
governos que se foram sucedendo e alternando entre PSD e PS sempre pelas mesmas
razões de não cumprimento das promessas eleitorais, chegou o momento das
consequências graves deste modo leviano de viver a democracia que, já se viu,
não tem as soluções para tudo, como muitos dizem que tem.
E foi assim que aos
disparates de Sócrates e dos seus governos sucederam as promessas de Passos
Coelho que não contemplavam, naturalmente, as exigências do programa de resgate
financeiro que, se ganhasse as eleições, teria de cumprir, pois nunca as teria ganho se o fizesse.
Apesar das suas responsabilidades
maiores na situação de sufoco financeiro a que o país chegou, o PS foi-se
tentando livrar delas para poder criticar e considerar errado o que o acordo
que assinou com a Troika obriga que este governo faça. E desta forma, a modos
como quem mata o mensageiro da má notícia, tenta ganhar as simpatias dos
eleitores atacando o Governo pelas razões de curto prazo do costume e não,
infelizmente, pelas que, de outra natureza, legitimariam o seu desejo de
retomar o poder.
Não será a democracia que
permite que as coisas se passem desta maneira que terá o sucesso de que
necessitamos para sair do impasse em que parece termos caído de vez!
A democracia exige outras
razões. Por isso na maioria dos países do mundo não há democracia ou existem uns arremedos que muito distante a colocam, em Portugal
ela está em risco e naqueles em que ainda julgamos poder louvá-la, talvez
dentro de algum tempo a vejamos com os mesmos problemas que, em Portugal, não
conseguimos superar.
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