Contudo, no que diz
respeito a votos contados no total de quantos entraram nas urnas em todo o
país, a enorme diferença em liderança de municípios reduz-se a uns poucos cerca
de 100.000 votos, um valor da ordem da votação alcançada pelos independentes em
11 municípios.
Foi uma grande vitória do
PS em termos de poder autárquico, mas uma magríssima vitória em termos de votação
global, com uma diferença escassa demais para o desgaste extraordinário que o
Governo inevitavelmente teria de sofrer pelas medidas impopulares a que as
circunstâncias o obrigaram.
Mais importante me parece ser
realçar a derrota dos políticos que perderam para a abstenção, votos brancos,
nulos e independentes, uma manifestação inequívoca da falta de qualidade que
têm revelado desde há muito tempo.
A situação criada em nada
vai melhorar a degradação da confiança dos mercados de cujos empréstimos temos
absoluta necessidade para sobrevivência da nossa frágil economia, mas pelos
quais pagamos juros cada vez mais elevados. Pelo contrário, natural será que se
degrade ainda mais, o que nos criará problemas muito sérios que se prolongarão
por muitos anos, gerações até.
Perante isto, não vejo
qualquer utilidade em manter esta situação de degradação política com um
governo politicamente tão fraco como o seu primeiro-ministro, com o PSD totalmente destruído por
guerrilhas internas, o CDS desacreditado pela irresponsabilidade do seu líder,
o PS sem a personalidade que as suas profundas divisões ideológicas não
consentem, com o BE a transformar-se em peso pluma e o PCP a manter-se como
aquela força política marginal que a História totalmente desmistificou.
Decerto nada pior poderá
acontecer a Portugal se um Parlamento sem qualidade for dissolvido e convocadas
eleições porque, tal como, no Brasil, disse o “palhaço/político” Tiririca, “se
está mal… pior não fica”.
Se é inevitável sofrer as
consequências tenebrosas da situação que criámos… que seja já, pois começa a
ser muito difícil evitá-las!
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