É bem conhecido o episódio
bíblico no qual, para alimentar uma multidão faminta, Cristo pegou em sete pães
e sete peixes que alguém tinha no seu bornal e, abençoando-os, fez com que
chegassem para matar a fome a toda a gente. Para uns uma verdade, para outros
uma ficção, o episódio tornou-se no símbolo da ilusão de com muito pouco fazer muito.
Assim me parece o que
Seguro diz ser capaz de fazer quando, estando o país sem dinheiro para manter o
nível de despesa que lhe valeu esta situação de endividamento a que chegou,
critica os cortes que o Governo se vê obrigado a fazer. Começou por afirmar
que, se governasse, conseguiria evitar tais cortes porque iria buscar o
dinheiro aqui e ali, como quem andava a juntar o cotão dos bolsos.
Mas parece ter abandonado
essa postura que, todos os sabemos, o desacreditava, para passar a criticar o não cumprimento, por Passos Coelho, das suas promessas eleitorais.
Francamente, não me lembro
do que disseram Passos ou Seguro quando tentavam convencer os eleitores a votar em
si. Nem sequer me interessa isso quando a situação é a que é e as imposições
dos nossos credores são as que são e a elas não podemos fugir sem graves riscos.
Perante a situação da qual
já ninguém tem dúvidas, que deveria fazer Passos Coelho? Continuar o nível de
despesa impossível de manter quando não há dinheiro que tal permita, eventualmente cumprindo promessas que tenha feito? Não creio
que alguém possa responder afirmativamente. Decerto por isso, Seguro que menos promessas não fez, muda o seu
discurso e regride para a questão desinteressante do cumprimento ou não de
promessas eleitorais, esquecendo que, se governasse, jamais cumpriria as suas.
Quando o líder da Oposição
é incapaz de se afirmar como uma alternativa credível ao Governo que critica,
como poderemos esperar um governo melhor?
Não me parece que consiga
Seguro o êxito que esperava nas eleições autárquicas que se aproximam e desejaria transformar
num referendo à legitimidade do Governo, porque se conta já entre os políticos
menos confiáveis de Portugal, ao qual apenas a fidelidade dos militantes
socialistas e a revolta daqueles que mais perderam das regalias que o
despesismo lhes granjeou lhe evitarão uma humilhante derrota.
A multiplicação dos pães
não acontecerá sem a restruturação da Administração Pública que equilibre,
definitivamente, as contas do Estado e isso não se fará sem cortes profundos na despesa.
Infelizmente, as divergências que parecem cada vez mais insanáveis entre o Governo e o PS, em nada beneficiam os que mais castigados são pelas medidas que a situação impõe.
Infelizmente, as divergências que parecem cada vez mais insanáveis entre o Governo e o PS, em nada beneficiam os que mais castigados são pelas medidas que a situação impõe.
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