ACORDO ORTOGRÁFICO

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quarta-feira, 18 de setembro de 2013

AS PROMESSAS


Sempre que há campanhas eleitorais, vem-me à memória uma estória que me contaram há muito tempo. Tanto que já nem sei. Mas é sempre oportuna porque alguma circunstância ma faz recordar.
Numas eleições autárquicas, um candidato daqueles que são escolhidos pelo partido e não por ser alguém conhecedor dos problemas locais, chegou a uma aldeia perdida no Interior para desbobinar o seu rol de promessas, aquele com o qual esperava conquistar os votos dos que ali viviam.
Chegou apressado para fazer o discurso e alguém da terra teve de ficar a seu lado para lhe ir dizendo ao ouvido quais as necessidades maiores daquela gente, as quais se comprometeria a satisfazer.
Entre várias necessidades mais básicas, precisava aquela aldeia de uma “fonte” o que, nos sussurros que lhe chegavam, o candidato entendeu como “ponte”. E logo prometeu que a mandaria construir!
Mas alguém lhe gritou “uma ponte para quê se não temos rio?”
Sem hesitações o candidato ripostou “faça-se a ponte, o rio virá depois!”
É mais ou menos isto que me parece que Seguro anda a fazer nos seu enésimo périplo pelo país, numa campanha eleitoral sem fim, dizendo como com ele seria mas com este Governo não é, falando de como a austeridade que diz ser culpa deste Governo é contrária ao crescimento económico e, até, prometendo a flexibilização das metas de recuperação financeira estabelecidas com a Troika para que não seja necessário fazer mais cortes nos salários e nas pensões.
Entre outras coisas.
Sem dizer como fará o que promete nem revelar de qual santo pedirá a intercessão para alcançar tais milagres, lá vai alicerçando um futuro melhor sobre ilusões e decisões que não estão ao seu alcance mas nas quais, aqueles para quem o esforço de participar na recuperação do país ou perder privilégios é uma maçada, sempre estão dispostos a acreditar.
Tudo parece indicar que Seguro ganhe as eleições autárquicas e, até mesmo, as legislativas que, mais tarde, se vão seguir. A vitória de quem levianamente promete é o “castigo” democrático que sofrerá quem, melhor ou pior mas como pode, não segue o caminho fácil da demagogia que alicia os incautos, nas prefere fazer o que entende ser o que deve ser feito.
Depois, Seguro alcançará as suas metas, será Primeiro-Ministro, mas nós continuaremos a sofrer do mesmo mal ou de um mal ainda maior, como sempre resulta do “faz e desfaz” próprio dos programas de curto prazo da alternativa democrática sem os compromissos de Estado que Seguro recusa, assim como não serão as promessas ilusórias, aquelas que não dependem do nosso esforço mas de decisões alheias, que nos irão aliviar a austeridade que, porventura, veremos reforçada.

2 comentários:

  1. Não se trata de estar ou não estar de acordo com o que escreve. Não estou de acordo porque Segura anda em campanha e faz as suas promessas tal como as fez Passos Coelho. Acaso este desgovernado não mentiu aos portugueses quando das eleições!? Não mentiu quando disse que ia cortar nas gorduras do estado e as gorduras que tem encontrado são os subsídios e os cortes dos reformados e pensionistas. Não mentiu quando disse que não precisava de despedir ninguém e agora lança para o desemprego centenas de milhares de funcionários públicos. Seguro ainda não foi Primeiro-Ministro e espero que tenha coragem de dizer, hoje, aos Trokianos que vão dar uma volta e que vão roubar o povo para outras paragens. Não precisamos deles para nada pois eles só servem para roubar e escravizar os povos. Apenas e só estão aos serviço dos grande grupos económicos. O povo precisa de despertar e em vez de cravos usar chumbo.

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  2. Pois é isso mesmo porque, como diz o povo, nas costas dos outros lemos as nossas! E Seguro fará como os outros. Mas eu diria que bem pior porque desta vez os estragos serão muito maiores.
    Limitar-me-ei a dizer como Cristo "Quem tiver ouvidos de ouvir que oiça. Quem tiver olhos de ver que veja"
    Disse-se de Sócrates o que se disse, diz-se de Passos o que se diz e dir-se-á de Seguro ainda muito pior!
    Quem tiver cabeça de pensar QUE PENSE!

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