Quando
acontece uma grande seca, quem dirá que não é precisa chuva? Não
é preciso ser doutor para o saber.
Se
estamos em dificuldades financeiras, nos emprestaram dinheiro em
condições com as quais temos dificuldades para nos livrarmos dos
pesados encargos que nos impõem, natural será dizer que precisamos
de melhores condições de financiamento, porventura de juros mais
baixos e prazos de pagamento mais dilatados. Até um clássico
merceeiro é capaz deste juízo!
Mas
as evidências das soluções para certos males de que sofremos não
são, como em casos assim, coisas que dependam de nós. Não são,
por isso, soluções!
Poderemos
tentar fazer que chova. Mas nunca o conseguiremos se não houver
núvens cuja humidade possamos fazer precipitar. Como poderemos, sempre,
solicitar aos nossos credores o alívio das condições de pagamento,
mas é necessário que, pela nossa atitude, eles se convençam da
nossa capacidade de cumprimento, tal como é necessário que tenham interesse ou vontade de assim fazer.
E,
tal como não valerá a pena qualquer esforço para fazer chover se não
houver nuvens, não serão de esperar resultados
satisfatórios dos pedidos de melhores condições de pagamento se
não mostrarmos ter merecimentos que justifiquem a boa vontade
e o interesse daqueles a quem devemos.
Perante
isto e as propostas sistemáticas do PS para solucionar a crise, só
poderemos pensar que são como estar à espera que chova quando
o céu está limpo!
Naturalmente,
não acredito que o Governo não tenha já envidado muitos esforços
para alcançar melhores condições de pagamento da dívida e não
continue a fazê-los nos momentos que considere mais oportunos para o fazer, como decerto terá acontecido na recente viagem
de Paulo Portas e da ministra das finanças a Bruxelas de onde, diz a
comunicação social, voltaram de mãos a abanar. Esperar-se-ia que trouxessem o que?
Terá
sido esta atitude do Governo a mais óbvia de quantas tenha feito na
procura da desejada solução, justificada por acontecimentos
recentes dos quais resulta a necessidade de uma abordagem mais
directa.
Tanto
bastou para que Seguro a visse como uma primeira tentativa e,
finalmente, a rendição do Governo às suas propostas de há muito
tempo, como pode deduzir-se quando diz “Se
(o Governo) está a seguir as minhas propostas eu fico satisfeito.
Vamos ver quais são os resultados, mas eu fico satisfeito que o
Governo siga as propostas que o PS faz”.
Eu
ainda não tirei a limpo se Seguro é um menos dotado se um
convencido de que aqueles para quem fala são parvos e ainda não se
deram conta de que as propostas do PS não passam da prova mais
evidente de uma falta total de entendimento do que sejam os problemas
do país nem do modo de os superar.
É
assim o “líder da Oposição” em Portugal, curto nas ideias e na visão,
confuso no discurso e convencido de uma “clarividência” que o
mais simplório bom senso recusa.
Não
sei se será por isso que o Governo não faz melhor. Até talvez
seja.
Mas
que andam todos a tentar construir a casa começando pelo telhado...
é o que me parece.
Num
país desorganizado, física e politicamente, não seria pela
organização que se deveria começar?
Vitor
Gaspar reconheceu o erro de não começar por aí. Mas serviu para que?
E continuamos à espera que chova!
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