ACORDO ORTOGRÁFICO

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quarta-feira, 4 de setembro de 2013

À ESPERA QUE CHOVA

Quando acontece uma grande seca, quem dirá que não é precisa chuva? Não é preciso ser doutor para o saber.
Se estamos em dificuldades financeiras, nos emprestaram dinheiro em condições com as quais temos dificuldades para nos livrarmos dos pesados encargos que nos impõem, natural será dizer que precisamos de melhores condições de financiamento, porventura de juros mais baixos e prazos de pagamento mais dilatados. Até um clássico merceeiro é capaz deste juízo!
Mas as evidências das soluções para certos males de que sofremos não são, como em casos assim, coisas que dependam de nós. Não são, por isso, soluções!
Poderemos tentar fazer que chova. Mas nunca o conseguiremos se não houver núvens cuja humidade possamos fazer precipitar. Como poderemos, sempre, solicitar aos nossos credores o alívio das condições de pagamento, mas é necessário que, pela nossa atitude, eles se convençam da nossa capacidade de cumprimento, tal como é necessário que tenham interesse ou vontade de assim fazer.
E, tal como não valerá a pena qualquer esforço para fazer chover se não houver nuvens, não serão de esperar resultados satisfatórios dos pedidos de melhores condições de pagamento se não mostrarmos ter merecimentos que justifiquem a boa vontade e o interesse daqueles a quem devemos.
Perante isto e as propostas sistemáticas do PS para solucionar a crise, só poderemos pensar que são como estar à espera que chova quando o céu está limpo!
Naturalmente, não acredito que o Governo não tenha já envidado muitos esforços para alcançar melhores condições de pagamento da dívida e não continue a fazê-los nos momentos que considere mais oportunos para o fazer, como decerto terá acontecido na recente viagem de Paulo Portas e da ministra das finanças a Bruxelas de onde, diz a comunicação social, voltaram de mãos a abanar. Esperar-se-ia que trouxessem o que?
Terá sido esta atitude do Governo a mais óbvia de quantas tenha feito na procura da desejada solução, justificada por acontecimentos recentes dos quais resulta a necessidade de uma abordagem mais directa.
Tanto bastou para que Seguro a visse como uma primeira tentativa e, finalmente, a rendição do Governo às suas propostas de há muito tempo, como pode deduzir-se quando diz “Se (o Governo) está a seguir as minhas propostas eu fico satisfeito. Vamos ver quais são os resultados, mas eu fico satisfeito que o Governo siga as propostas que o PS faz”.
Eu ainda não tirei a limpo se Seguro é um menos dotado se um convencido de que aqueles para quem fala são parvos e ainda não se deram conta de que as propostas do PS não passam da prova mais evidente de uma falta total de entendimento do que sejam os problemas do país nem do modo de os superar.
É assim o “líder da Oposição” em Portugal, curto nas ideias e na visão, confuso no discurso e convencido de uma “clarividência” que o mais simplório bom senso recusa.
Não sei se será por isso que o Governo não faz melhor. Até talvez seja.
Mas que andam todos a tentar construir a casa começando pelo telhado... é o que me parece.
Num país desorganizado, física e politicamente, não seria pela organização que se deveria começar?
Vitor Gaspar reconheceu o erro de não começar por aí. Mas serviu para que?
E continuamos à espera que chova!

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