ACORDO ORTOGRÁFICO

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segunda-feira, 23 de setembro de 2013

RECORDAÇÕES - A TERRA A QUEM A TRABALHA…



Acabo de ver uma reportagem sobre o Concelho do Alvito, um dos muitos do interior de Portugal que, a um ritmo acelerado, estão a desertificar.
O que já foi um Concelho com muita actividade económica, com diversas empresas que davam trabalho a muita gente, tem agora duas entidades que o proporcionam que são “lá em baixo a fábrica e ali a Câmara” como diz uma senhora.
Uma escola profissional dá alguma vida à Vila com a juventude que, dos arredores, diariamente vem ali ter as suas aulas.
Ao longo das estradas, extensos campos completamente abandonados fazem parte dos dois terços do território nacional em desertificação, do desperdício criminoso de riqueza a que um país carente de recursos estupidamente se permite!
E foi então que me lembrei daqueles tempos eufóricos da “reforma agrária” tão cantada pelo PCP nos anos 70 do século passado que levou à apropriação de muitas fazendas que foram exploradas sem regra e depois abandonadas. Diziam que assim é que se veria como, cuidada pelos “trabalhadores”, a terra alentejana iria produzir imensa riqueza. Mas depressa se cansaram. Foi pena.
Mesmo assim, em empobrecimento constante, o Alentejo continua a ser a região de Portugal com maior domínio político do PCP.
Ainda ecoa nos meus ouvidos o célebre grito “ a terra a quem a trabalha, os fascistas comam palha”!
Onde está a memória da pobreza que se seguiu e ainda existe?
Somente em versos como estes, então inspirados por ilusões:



Meus campos alentejanos
agora de solidão
são campos por "emprenhar"
nascer o seu filho pão

sou eu papoila vermelha
nascida sem ser semeada
que teimo em ficar aqui
numa terra que é herdada

mas podem ter a certeza
a certeza da razão
vou continuar a nascer gritando revolução
a terra a quem a trabalha
a quem herda é que NÃO.

Ester Cid.
 

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