Apesar do muito que me
insurjo contra os disparates que nos levaram a uma situação de penúria que
obriga a pesados sacrifícios, tanto os dos governantes como os dos particulares
que, sem cuidado, caíram em situações de endividamento quase insuperáveis, jamais recusei a participação no esforço que é dever de todos fazer, apenas pondo
como condição que seja equitativo! Mas a equidade é coisa arredia seja porque uns rejeitam perder as vantagens que "conquistaram", seja porque nas de outros ninguém se atreve a mexer! Por causa de algumas decisões, cheguei aqui a dizer, do Tribunal que controla a constitucionalidade, que não sabia o que era equidade!
Tem sido esta a
minha luta, a luta que deve ser de todos nós também, para que, depois de todo este
esforço, não voltemos a cair no logro de deixarmos para alguns privilégios que outros não tenham. Só assim haverá justiça social.
Assim, parece-me bem a
intenção de fazer convergir remunerações, reformas, horários de trabalho, tempos
de férias, sistemas de saúde e outros benefícios ou suplementos salariais entre
trabalhadores do privado e da função pública que, afinal, são cidadãos iguais
perante a lei.
Do mesmo modo, acho
imoral, seja em tempo de carência seja noutro tempo qualquer, que haja quem,
seja pelo que for, tenha benefícios despropositados ou que outro qualquer não tenha! E todos
sabemos que há muitos casos assim, tanto em suplementos de vencimentos,
despesas de deslocação e de alojamento, reformas vitalícias ao fim de pouco tempo
e sei lá mais a que o vulgar cidadão trabalhador não tem direito. Coisas que, segundo os princípios de igualdade inscritos
na Constituição que, só agora, alguns vão tenho a coragem de considerar
inadequada à situação que vivemos, não deveriam acontecer.
Por isso, mais desgostoso fico quando leio o que disse o Bastonário da Ordem dos Advogados a propósito de
regalias diversas e generosas que têm alguns magistrados, uma realidade que ele deve conhecer muito bem.
É este um caso, mas há outros mais, com certeza.
É este um caso, mas há outros mais, com certeza.
Neste, refere Marinho Pinto que os magistrados continuam
a não pagar impostos sobre uma parte significativa das suas retribuições, recebem
mais de sete mil euros por ano como subsidio de habitação isentos de
tributação; os juízes e os procuradores do STJ, do STA, do Tribunal
Constitucional e do Tribunal de Contas, além de todas aquelas regalias, ainda
têm o privilégio de receber ajudas de custas (de montante igual ao recebido
pelos membros do Governo) por cada dia em que vão aos respectivos tribunais, ou
seja, aos seus lugares de trabalho; todos os elementos que fazem parte do STJ
têm direito a mais outra mordomia, carros topo de gama para todos, mais as
respectivas despesas com o mesmo, nomeadamente combustível, reparações,
inspecções e tudo o mais que envolve gastos com o veículo atribuído.
E
eu, como muitos mais reformados, que vi cortada a minha reforma pelo
injustíssimo Complemento de Solidariedade, só posso ficar ainda mais irritado.
Dir-me-ão
que cortar tais benefícios em pouco ou nada ajudaria neste aperto enorme que vivemos.
Mesmo assim, além de que muitos poucos fazem muito, será a justiça que deve ser feita, a harmonização da solidariedade
que os próprios magistrados deveriam exigir também para si!
E
se me disserem que, para não caírem em tentação ou melhor se empenharem no seu
trabalho, devem ser remunerados como mais ninguém o seja, então eu acho que eles
deveriam ser os únicos a trabalhar neste país.
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