Não será fácil a Portugal, sem melhores condições para pagar as suas dívidas, conseguir equilibrar as suas finanças, apesar dos pesados sacrifícios já pedidos aos portugueses. Tenta o Governo negociar melhores condições e exige-as o PS numa atitude agressiva que não pode gerar boas vontades.
As consequências negativas
da austeridade excessiva são bem conhecidas há muito tempo, pelo menos desde a
ajuda à Alemanha vencida na Segunda Guerra Mundial que iniciou e teve
consequências terríveis para toda a Humanidade. De facto, na ajuda financeira
de que necessitou para se reerguer, a Alemanha usufruiu do bom senso e da
compreensão dos que a ajudaram, os quais, desde logo, flexibilizaram as
condições de pagamento em função da capacidade do país para pagar e a necessidade
de reconstruir a sua economia.
Não vejo tal compreensão na
inflexibilidade de Merkl e do seu ministro das finanças, nem sequer no
sentimento da maioria do povo alemão que fará, estou convencido, com que sejam
eles a continuar a governar o país que, por enquanto, tem beneficiado da desgraça
dos outros.
As vantagens da Alemanha chegaram
ao ponto de se financiar com juros negativos, o que lhe permitiu receber juros,
em vez de os pagar, cada vez que lhe emprestaram dinheiro.
Mesmo assim, apesar da
comprovada falta de solidariedade que revela, não culpo a Alemanha das
desventuras de Portugal que uma série de governos incompetentes arrastaram para
um buraco económico e financeiro medonho, cujo tamanho o governo de Sócrates
duplicou. Este é um problema interno de Portugal que os portugueses deveriam
saber resolver mas que não acredito que saibam porque, em vez de reflectir,
preferem ir mudando ao sabor de propostas facilitistas, na esperança de
acertar, como se governar fosse um jogo de roleta e não um trabalho intelectual,
persistente e continuado, em função de factos e de circunstâncias concretas que
a fantasia não pode iludir.
O facilitismo, já o
comprovámos demasiadas vezes, sempre acaba desmistificado pela dura realidade,
o que a curta memória das pessoas, agora reduzida às promessas que
Passos Coelho não cumpriu, lhes não permite recordar. Já não recordam o que
antes se passou, nem as promessas de Sócrates nas quais me não lembro de ter
ouvido falar da bancarrota de um país que o contrato de resgate que assinou permitiu
evitar. Não recordam, por isso, as condições que, apesar de por elas responsável, o PS
esqueceu e outros, agora, têm de cumprir. Porque são duras, por elas são condenados!
Iremos, dentro de algum
tempo que, com as eleições autárquicas o PS pretende encurtar, mudar de novo,
sem compreender o desgaste que tal causará ao país, sem entender que não será
possível a um próximo governo fazer diferente do que este faz, ainda que se
desculpe com as “consequências” do que este tenha feito.
Mas o pior de tudo, nesta
democracia mal esclarecida, é que a noção de interesse do país não consegue sobrepor-se aos egoísmos individuais, pelo que os que pretendem ganhar o poder
facilmente o arrebatam aos que o defendam, prometendo aos eleitores vantagens
que nunca lhes poderão proporcionar. Daí a necessidade do “quanto pior melhor”
que torna mais fácil o assalto ao poder e a existência de promessas não cumpridas de que todos podem ser acusados. Estes e os que os antecederam.
Prestem atenção aos
discursos dos “candidatos ao poder” e tentem fazer uma lista do que de positivo
eles contenham. Decidam depois.
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