ACORDO ORTOGRÁFICO

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segunda-feira, 2 de setembro de 2013

FALANDO DE CONTAS


Quando se fala em ultrapassar a crise, exportar mais e aumentar o consumo interno são, normalmente, as vias apontadas para o fazer.
Raramente a produção para satisfação das necessidades primárias internas, como a alimentação e outros bens de primeira necessidade, são mencionados.
O aumento das exportações, no que temos sido razoavelmente bem sucedidos, será um recurso valioso enquanto o mercado internacional as absorver.  Mas o aumento da procura interna, sem o correspondente aumento de produção para a satisfazer, fará aumentar as importações e, com isso, desequilibrar, de novo, a nossa balança de pagamentos, para cujo equilíbrio o abaixamento da procura interna significativamente contribuiu. Não será, pois, apenas a produção de bens exportáveis o que deverá ser incentivado, devendo o aumento da procura interna ser acompanhado de um acréscimo da produção nacional para a satisfazer no que for mais importante e possível de fazer. De outro modo, voltarão os desequilíbrios que, com a austeridade que nos é imposta, temos vindo a combater.
O aumento da produção para consumo interno, sobretudo de bens de alimentação em que Portugal é deficitário, para evitar que o défice volte a acontecer nas trocas com o exterior, é um factor indispensável que está em oposição com a crescente desertificação do nosso Interior, resultado evidente e lógico de uma economia desequilibrada e mal orientada.
Recordo, o que já aqui registei, que cerca de dois terços do território nacional continental se encontra em fase de certificação, um aspecto raramente referido quando se procuram soluções para superar a crise.
Se ao desaproveitamento crescente de terras juntarmos os danos imensos anualmente causados à floresta portuguesa pelos incêndios, poderemos concluir que no aproveitamento e na protecção dos nossos recursos naturais encontraremos um modo eficaz para contribuir para a redução de muitas das carências nacionais e para o equilíbrio das nossas finanças, em vez de, simplesmente o fazermos com os sistemáticos cortes na despesa que, embora indispensáveis na reforma do estado, poderiam ser suavizados. Obviamente, a preparação de todos nós para a compreensão destes problemas, o que deve ser feito pela via da educação, é outro aspecto essencial no longo caminho a percorrer até voltarmos a ser um país equilibrado.
Valha-nos saber que, mais cedo ou mais tarde, não haverá quem não tenha do proceder do mesmo modo.

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