Quando se fala em
ultrapassar a crise, exportar mais e aumentar o consumo interno são,
normalmente, as vias apontadas para o fazer.
Raramente a produção para
satisfação das necessidades primárias internas, como a alimentação e outros
bens de primeira necessidade, são mencionados.
O aumento das exportações,
no que temos sido razoavelmente bem sucedidos, será um recurso valioso enquanto o
mercado internacional as absorver. Mas o aumento da procura interna, sem o correspondente aumento de produção para a satisfazer, fará aumentar as importações e, com isso,
desequilibrar, de novo, a nossa balança de pagamentos, para cujo equilíbrio o
abaixamento da procura interna significativamente contribuiu. Não será, pois, apenas a produção de bens exportáveis o que deverá ser incentivado, devendo o aumento da
procura interna ser acompanhado de um acréscimo da produção nacional para a
satisfazer no que for mais importante e possível de fazer. De outro modo, voltarão os desequilíbrios que, com a
austeridade que nos é imposta, temos vindo a combater.
O aumento da produção para consumo interno,
sobretudo de bens de alimentação em que Portugal é deficitário, para evitar que
o défice volte a acontecer nas trocas com o exterior, é um factor indispensável que
está em oposição com a crescente desertificação do nosso Interior, resultado evidente e lógico de uma economia desequilibrada e mal orientada.
Recordo, o que já aqui
registei, que cerca de dois terços do território nacional continental se
encontra em fase de certificação, um aspecto raramente referido quando se
procuram soluções para superar a crise.
Se ao desaproveitamento
crescente de terras juntarmos os danos imensos anualmente causados à floresta
portuguesa pelos incêndios, poderemos concluir que no aproveitamento e na protecção
dos nossos recursos naturais encontraremos um modo eficaz para contribuir para
a redução de muitas das carências nacionais e para o equilíbrio das nossas
finanças, em vez de, simplesmente o fazermos com os sistemáticos cortes na
despesa que, embora indispensáveis na reforma do estado, poderiam ser
suavizados. Obviamente, a preparação de todos nós para a compreensão destes problemas, o que deve ser feito pela via da educação, é outro aspecto essencial no longo caminho a percorrer até voltarmos a ser um país equilibrado.
Valha-nos saber que, mais cedo ou mais tarde, não haverá quem não tenha do proceder do mesmo modo.
Valha-nos saber que, mais cedo ou mais tarde, não haverá quem não tenha do proceder do mesmo modo.
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