Uma
eleição mudou o Bastonário da Ordem dos Médicos, lugar agora ocupado pelo dr
Miguel Guimarães que, na sua primeira entrevista nesta condição se referiu ao
Serviço Nacional de Saúde que considera necessitar de uma reforma muito
urgente.
A
este propósito, o dr Guimarães diz “Foquemos-nos no setor público: o SNS neste
momento está naquilo a que chamo de rampa inclinada. Isto é: o grande
desinvestimento que foi feito sobretudo nos últimos anos e que se iniciou com o
ministro Paulo Macedo e que o actual ministro está a continuar está a colocar o
SNS em sério de risco de não continuar a proporcionar aos doentes os cuidados
de saúde que proporcionou num passado mais recente.”
Quanto
ao caos que frequentemente se instala sobretudo nas urgências hospitalares,
afirma que vai continuar a acontecer “porque o plano de contingência que o
Ministério da Saúde prepara não serve de nada. É preciso informar as pessoas
sobre comportamentos e hábitos. Mas esta educação não se faz numa semana ou
duas.”
Continuando,
afirma que “A reforma dos serviços de urgência passa pelos cuidados de saúde
primários. Reforçá-los, ter centros de saúde abertos mais horas e mais tarde,
ter acesso a exames mais simples e a literacia é fundamental. Passamos a vida a
falar nisto mas ninguém liga puto a isto”.
Por
tudo isto culpa a falta de investimento que para ser superada, como terão
afirmado outros bastonários de Ordens no domínio da saúde, necessitaria de um
valor superior a mil milhões de euros que o actual Orçamento de Estado não
contempla.
É
pena que um Serviço de Saúde que já foi considerado um dos melhores, agora se
degrade não por culpa dos seus técnicos mas da falta de atenção que o governo
lhe dedica, nada comparado com o que tem pela “economia”.
Afinal,
ainda que disfarçada por algumas medidas populistas, a austeridade continua.
Os
cortes de financiamento na saúde é um dos aspectos graves da austeridade, não
apenas pelos incómodos que causa aos que, como eu, se serve do SNS, porque os
que os determinam utilizam outros, mas também porque acabam por sair caros.
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