ACORDO ORTOGRÁFICO

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terça-feira, 17 de janeiro de 2017

O ATERRO DE RESÍDUOS NUCLEARES EM ALMARAZ



(os resíduos radioactivos são guardados em caixas que, depois são colocadas num aterro. Qualquer derrame provocará a contaminação da camada freática que se integra nas reservas da bacia hidrográfica do Rio Tejo)


E quando penso que, neste mundo onde há tanto tempo vivo, já vi tudo o que é possível ver, sempre acontece qualquer coisa que me surpreende. Ou talvez não.
A pouco tempo, dois ou três anos de terminar o prazo concedido para funcionamento da Central Nuclear de Almaraz que, como qualquer outro equipamento, tem o seu tempo de vida útil e segura, o governo espanhol vai construir, naquela zona, um depósito de resíduos nucleares que a queixa tardia de Portugal não impedirá de ser feito, dado que todas as licenças para o efeito estão concedidas.
Obviamente que a concessão das licenças quando a central está tão próxima do final da sua licença de actividade, apenas pode significar que tal não acontecerá, o que a Comissão Europeia deveria considerar mas que fez mesmo sem existir um indispensável estudo dos efeitos transfronteiriços desta construção que envolve sérios riscos.
Como li num texto que cita uma jurista, esta diz que a reclamação portuguesa não tem efeito suspensivo e, por isso, se alguma vez for tomada uma decisão favorável a Portugal, já não surtirá qualquer efeito!
E eu pergunto-me que “complexidade” processual se pode sobrepor aos efeitos graves de uma atitude como esta, lesiva dos nossos interesses e segurança porque armazena os resíduos das oito centrais nucleares espanholas junto da fronteira portuguesa.
Enfim, coisas do Direito que nunca entenderei.
Aliás, ao longo do tempo, mesmo quando a União Europeia não era, sequer, um projecto, Portugal sempre foi desleixado nas negociações que o aproveitamento das linhas de água internacionais necessariamente exige e, por isso, em diversos casos sofremos prejuízos que não foram desprezáveis.
Por que seria agora Portugal mais diligente?
É mais uma prova da impreparação dos políticos para gerirem os assuntos mais importantes para o país.

 

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