Um
canal de televisão proporcionou a Sócrates a oportunidade de responder ao que,
a seu respeito, Cavaco Silva escreveu no livro “Quintas-Feiras e outros dias”,
recentemente editado.
Não
tive, ainda oportunidade de comprar e ler o livro nem sei se, depois de tanto
que já ouvi falar dele, ainda valerá a pena fazê-lo.
Na
entrevista em que Sócrates se defenderia do que dele no livro é dito, creio que
pouco ou nada mais ouvi dizer do que “É falso… é mentira… nunca se viu um
Presidente da República vir contar as conversas que teve a dois com o
Primeiro-Ministro, classificando tal de “bisbilhotice política”…”.
Para
além de coisas assim e uma passagem pelo “caso das escutas”, pareceu-me que o
assunto da entrevista ficou por ali e do que seria o tema e deveria ser ali
falado, rapidamente Sócrates saltou para o assunto que mais lhe interessa, o
longo tempo da investigação de que é alvo o Caso Marquês!
Diz
Sócrates que a investigação tem regras e prazos e que não faz sentido que
aquela a que está a ser submetido já dure há 43 meses quando, ao fim de 18,
deveria estar concluída e feita a acusação ou arquivada.
Não
sou jurista e, assim, não terei argumentos que possam suportar uma opinião
própria mas, como cidadão e conforme a opinião de muitos juristas, penso que
encontrar a verdade estará acima de quaisquer regras que possam dar ao
criminoso a vantagem de poder ocultá-la limitando o tempo que seja necessário
para a esclarecer. E este dependerá daquilo que se investiga, do modo como
foram escondidos os factos que são investigados, no caso uma complexa teia que não é fácil de seguir.
A
questão não poderá ser "ganha o que esconde melhor". Por isso perguntarei a Sócrates quanto
tempo levou ele e o grupo que a investigação está a tornar cada vez maior, a
cometer os crimes dos quais são suspeitos e, ao que consta, alguns dos investigados já terão
reconhecido.
Entendo,
como cidadão vulgar, em nome do qual e de milhões de outros, a Justiça é feita,
que a investigação deve continuar enquanto houver razões para tal, o que, no
Caso Marquês, quererá dizer enquanto novas provas forem aparecendo. E ainda não pararam de aparecer, parece.
Faz-se
justiça interrompendo uma investigação que tem matéria para continuar,
ocultando o que possa ainda vir a ser esclarecido para além de qualquer prazo?
E
no final pergunto, o livro de cavaco Silva não passou de um pretexto para
proporcionar a Sócrates expor o seu direito de “se me não apanhaste a tempo…
então perdeste!”?
Poderá
restar alguma dúvida sobre factos que são já tão evidentes que, reconhece-o a
maioria da Sociedade, quase não podem deixar de ser verdade?
O
país inteiro quer saber a verdade sobre o que fez alguém em quem votou para um
cargo que lhe deu poderes especiais e, também, as oportunidades de fazer aquilo de
que é suspeito e, pasme-se, a lei, como que de propósito, torna difícil de
fazer prova.
A
ele, sendo inocente, deveria interessar-lhe também.
Mas
parece que a acusação sairá muito brevemente.
Veremos
qual será!