Alguma
coisa me escapa nas atitudes de Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente que mais
me parece o porta vez do Governo que vem explicar ao povo, em quem o seu
populismo gera simpatia, as vantagens das atitudes governativas que a Oposição
critica!
Nunca
tinha visto nada assim, o que, algumas vezes, livra Costa de explicações mais
ou menos complicadas que teria de dar.
Ontem,
por exemplo, ouvi Marcelo explicar o mérito dos empréstimos que o Governo
contraiu, a 5 e a 7 anos, a juros mais elevados do que os dos empréstimos que,
com eles, vão ser amortizados.
O
que, em quaisquer circunstâncias, só pode ser um disparate é, para Marcelo, uma
manobra com enorme sucesso, pois fez baixar os juros dos empréstimos a 10 anos!
Explicado
apenas deste modo eu diria ao senhor professor que volte para a sua antiga
cátedra onde ensina outras coisas.
Mas
se o Governo emitiu uma pequena dívida a juros mais elevados para aproveitar a “significativa”
queda dos juros a 10 anos com a emissão de outra bem maior, de tal modo que, no
conjunto, os juros fiquem significativamente mais baixos do que os da dívida
que vai amortizar, eu entenderia alguma coisa. Mas não disse e nem, sequer, falou
em valores. Apenas louvou uma atitude do Governo, abençoando-a com a sua
palavra de Presidente!
De
resto, quem me garante que a estabilidade dos juros a 10 anos que aconteceu,
quando formos emitir dívida nesse prazo?
De
todo não entendi e pareceu-me totalmente descabida a atitude de um Presidente, cargo
em que deve ser absolutamente equidistante, publicamente defender uma atitude
do Governo que a Oposição no Parlamento ataca.
Finalmente o "regime" está a evoluir, a ficar diferente, mesmo com os disparates que o
Presidente também possa dizer.
Este
é um caso entre diversos em que a sua influência vai muito além da que ao cargo
que ocupa compete, como me pareceu, por exemplo, no caso da Caixa geral de
Depósitos.
Talvez
não tenham dito a Marcelo que esta não é uma República Presidencialista.
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